terça-feira, 27 de novembro de 2007

As belezas do Rio Antigo


O centro do Rio de Janeiro esconde lugares românticos, quase parisiênses, que vez ou outra se nos apresentam. Na última sexta-feira, depois da SEMIC (Semana de Iniciação Científica) as meninas e eu resolvemos sair pra almoçar no SAARA. Depois fomos a pé até às Barcas. Chegando na Praça XV a Priscilla nos levou numa rua, um beco, onde tinha um sebo que ao mesmo tempo era um café e uma choperia. Um lugar lindo, quase europeu, o Rio antigo tem isso de bom, qualquer um se sente lindo ali. As meninas pediram um chop e a Pri sacou a câmera digital e passou a fotografar tudo o que via, inclusive eu. Foi uma tarde agradabilíssima, num lugar maravilhoso, em companhias muito agradáveis. é por estas pequenas coisas e por estes precisos lugares escondidos que chamam isto aqui de cidade maravilhosa, uma cidade que por mais explorada que seja sempre nos reserva agradáveis surpresas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Sagrado Coração



O ano letivo está acabando, começam as ofertas de currículos por parte dos professores. Eu, uma “aspira”, fui nesta manhã deixar alguns pelas escolas pelas quais passava. A segunda na qual entrei era uma instituição católica de ensino chamada “Colégio do Sagrado Coração”. O lugar é lindo, apesar de se situar no centro de São Gonçalo. A primeira pessoa que vi foi uma freira de sorriso cândido – sempre tenho a impressão que todas elas aprendem a sorrir de maneira igual nos conventos – e rosto mimoso. Me dirigi à secretaria e perguntei: “Posso deixar aqui o meu currículo?”. Uma mulher de voz impaciente, que ficava atrás de um vidro espelhado de maneira que não era possível ver seu rosto, me disse: “Pode, mas escrava no currículo a sua religião”. Achei a exigência não só sem propósito, mas ameaçadora. Pela primeira vez na minha vida me senti perseguida, ameaçada ou discriminada. Ou, pelo menos, prestes a ser vítima destas coisas. Fiz uma vaga idéia do que os judeus e os muçulmanos sofrem por aí, e até mesmo aqueles cristãos que morrem na janela 10:40. Perguntei com a voz trêmula, mas num tom irônico: “é quesito eliminatório?”. A mulher de voz impaciente me respondeu impacientemente: “Não. É só pra saber”. Independente do que ela respondesse – apesar de eu ter feito a primeira comunhão quando criança – eu não daria outra resposta senão a que dei. Escrevi no topo da folha “Protestante – Igreja Evangélica Congregacional”.

Saí de lá achando que aquilo era um absurdo, talvez devesse ser até inconstitucional. Onde já se viu? Vivemos numa democracia, num país livre e capitalista onde as pessoas deviam ser contratadas pelas suas competências e não fazer processos seletivos onde a religião fosse um fator eliminatório. Depois, continuando a pensar no episódio me perguntei: “Por que será que não perguntaram também a minha opção sexual? Ou se eu era a favor do aborto, dos métodos anticoncepcionais ou mesmo do uso da camisinha?”. A resposta logo me veio. Eles não podem perguntar a opção sexual porque isto poderia implicar num processo de preconceito. Sabemos como as minorias – que já são quase maioria – se unem e punem. Eu dou aula de história e não de religião. Não faz sentido que a minha religião seja item constante do meu currículo, ainda que seja para uma instituição católica e privada. Mas espero sinceramente que a religião não seja um quesito eliminatório, porque me agradou muito o aspecto físico do lugar.