quinta-feira, 24 de setembro de 2009

E Obama não gostou da minha idéia!



Segundo Obama, os países devem se ajudar e não "esperar que os EUA resolvam todos os problemas do mundo".

"Os que costumam repreender os Estados Unidos por atuar sozinho no mundo não podem agora ficar à margem e esperar que os Estados Unidos resolvam sozinhos os problemas mundiais", disse. "É tempo de que cada um de nós assuma sua responsabilidade na resposta global aos desafios mundiais."

ver na íntgra


Parece que o meu querido Obaminha, para quem fiz campanha e ainda deixo o link do site de mesma época, leu meu blog ontem e não gostou nada da idéia de ser babá das Américas.
Obama, meu caro e ilustre leitor (te acho um charme!), você está coberto de razão nas suas afirmações supracitadas, como é de costume. Mas é que daqui do alto da minha carioquisse, me coloquei numa preguiçosa situação de conforto e esperava uma deliciosa mamadeira no colo confortável do Tio San, enquanto víamos a guerra pela televisão...

Vou me emendar e parar de cobrar tanto assim de vocês. Eu prometo!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Tonturas, digo, Honduras




Policiais e militares dispersaram com bombas de gás lacrimogêneo, carros hidrantes e uma antena que emitia um som ensurdecedor os manifestantes que se aglomeravam diante da embaixada brasileira na terça-feira. Os manifestantes pró-Zelaya se defenderam jogando pedras, num conflito que deixou dezenas de feridos e presos. (O Globo on line, 23/09/09)

Não, meus caros leitores. Ainda que as semelhanças saltem aos olhos, o texto acima não trata de uma resposta da PM a uma manifestação de estudantes de uma universidade pública brasileira. Trata-se do posicionamento de uma embaixada brasileira diante de uma revolução civil num país da América Central.
Meus amigos mais próximos sabem das minhas declarações absurdas sobre política, índios, quilombolas e afins. Ontem foi dia de uma delas. Com a naturalidade de quem solta um peito eu disse: “acho um absurdo que a Honduras seja dado o status de país, que dirá se achar no direito de se relebelar”. É, eu sou um monstro! Mas olhem bem para o que está acontecendo em Honduras. É digno de uma gerra civil africana, acho mesmo que os africanos são mais organizados. Enquanto a Coréia e o Irã aterrorizam o mundo com suas demonstrações de aquisições bélicas de ponta, o Brasil compra caças de sei lá quantas mãos da França só pra mostrar ao resto do mundo que sua última aquisição de material bélico não foi na Guerra do Paraguai! E Honduras aprendendo a fazer revolução com Uganda, sei lá?
É por essas e outras que eu acho que as Américas, ou ao menos os países sérios das Américas (estou excluindo os comunistas e os oligarquistas, trato aqui só dos sérios e queria muito nos incluir nisso) deviam de uma vez por todas pedir proteção do exército americano, fazer de vez uma aliança pública e travar uma cruzada civilizatória nessas terras do Novo Mundo.
O Brasil consegue deportar pugilistas cubanos, que só quererem ter autonomia e domínio sobre suas próprias carreiras, e ao invés de se posicionar de vez e dar azilo político ao tal presidente deposto de Honduras – se é assim que o Estado brasileiro acha que deve proceder, uma vez que se aliou ao homem – esconde o dito cujo na embaixada como um rato, submentendo os funcionários da mesma a ficarem sem luz e água e a enfrentar uma revolução como quem contém um motim de estudantes da USP que querem ocupar a reitura e fazer um churrasco com os membros do reitor.
Ta vendo? É por issoque eu evito escrever sobre política. Sou um monstro sem coração e sem pátria!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bate papo




Ontem ao chegar, meu namorado me comunicou que tinha cinco trabalhos da faculdade para fazer no final de semana. Todos os dias vejo meus colegas de trabalho, da mesma faixa de idade que eu, saindo do na hora certa para irem à aula. É estranho porque parece que eu não estou fazendo nada da minha vida. Mas é bem feito! Quem mandou eu ser precoce? Quem mandou eu me formar antes que os meus amigos entrassem na faculdade?
Como pode uma pessoa se sentir excluída de um grupo do qual, mal ou bem, faz parte? Aí resolvi voltar a estudar, fazer uma pós-graduação, sei lá. Beleza, primeira decisão tomada! Mas o que fazer? Me formei em história e trabalho na área de compras e logística do ramo do petróleo. Tudo a ver né?
Caros leitores, preciso de sugestões! Estou sofrendo de abstinência de textos, salas de aula e prazos de entrega de trabalho. Mas o que mais me faz falta, de verdade, é ter um objeto de pesquisa e observar resultados.
Socooooooooooooorro!



Na imagem: Marquesa de Pompadour

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Tá ruim? Pumbicufica!



Segunda-feira, 07 de setembro de 2009
E o dia começou assim:

Eduardo _ Fomos lá na casa nova agora.
Ana Luiza _ E aí? O pintor tá lá?
Eduardo _ Tá sim. Ele disse que não vai sair. Podemos mudar hoje.
Ana Luiza _ Arruma o caminhão que a gente arruma as coisas e muda então.

Minutos depois...

Ana Luiza _ conseguiu?
Eduardo _ Sim. O caminhão estará aqui em três horas. Vamos mudar?
Ana Luiza _ Vamos. Vou arrumar as coisas.

E passou o dia, o caminhão foi carregado e descarregado na esperada casa nova. Feita a mudança os personagens exauridos sentaram-se no quintal e sentiam a brisa fresca. Eduardo e Rafael fumavam...

Eduardo _ Olha, um pombo. Ele está com a pata quebrada, ta mancando. A gente podia pegar ele, colocar aqui em casa e cuidar dele.
Rafael _ Não, Edu. Pombo é um bicho sujo, ele traz doenças. A gente não pode ter um pombo.
Eduardo _ Ué, a gente limpa ele.
Ana Luiza (numa tentativa de dar a idéia de vermifugar o tal pombo) _ É, a gente pumbicufica!

Gargalhadas coletivas!


Este é um exemplo de associação bizarra que o cérebro humano é capaz de fazer. Mas, como não acredito em acaso, nem gosto de disperdiçar bons neologismos, adotei o pumbicufica e o transformei em algo maior do que uma simples palavra: pumbicufica é um estilo de vida.
Ao longo dos novos textos vou registrando aqui as características e preferências de um pumbicuficador. Seja você também! Junte-se a este movimento pombístico!
Gruuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuun (onomatopéia de pombo)
Dedico este post À Aline Luz, defensora de todos os pombos frequentadores dos telhados e praças do mundo inteiro.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Teresa



TERESA
Manoel Bandeira, 1925.

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara pareccia uma perna

Quando vi teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos eperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
e o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

Lembro que da primeira vez que li este poema gostei tanto que quis ser Teresa. À época eu enviei pro meu então namorado e perguntei: “eu sou a sua Teresa?”.
Por que mulheres fazem estes tipos de perguntas estúpidas que obrigam os homens a buscarem em seus passados remotos ou recentes a resposta?
Ele me respondeu que não poderia me dedicar o poema nem fazer de mim sua Teresa por já ter existido outra Teresa antes de mim a quem havia presenteado com as palavras de Manuel Bandeira. Murxei!
Aprendi que não se deve fazer perguntas ao par romântico se não tiver certeza da resposta? Nada! não aprendi nada!
Ontem cheguei em casa e perguntei ao meu namorado (que já não é mais aquele da Teresa) se ele ainda me achava bonita. Ao que ele prontamente me respondeu: “sempre achei!”. Não satisfeita com a fofura do menino, numa ânsia louca de ser novamente decepcionada por uma resposta baseada num pretérito construido por outras tantas Teresas, perguntei: “falta alguma coisa?”. Os dois segundos de silêncio necessários para que o rapaz concatenasse a pergunta e me respondesse pareceram uma infinidade de horas. Rufaram os tambores, tremeram meus joelhos, o chão começou a rachar para se abrir quando, de re pente, num soar de clarins me veio a resposta: “se falta alguma coisa eu não percebi”. Ooooooooooonwwwwwwww! Gente! Completamente diferente! O trauma terminava ali e eu tinha a certeza de que o meu namorado é coisa mais fofa que já inventaram.
Não se deve fazer comparações entre o novo e o velho quando se trata de pessoas, mas no meu caso comparações e análises do comportamento humano são inevitáveis. E, graças a Deus, a comparação teve um saldo extremamente positivo!

Já que comecei com um poema de Manuel Bandeira, termino com outro, desta vez dedicado ao meu amor:

Manuel Bandeira

Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...

Volúpia da água e da chama...

A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Macaé e maus costumes



Engraçado como regimes terminam, mas costumes permanecem. É como dizia uma professora minha: “fazer uma revolução política é fácil, dificil é fazer uma revolução de costumes, de pensamento”. O “Antigo Regime” tupiniquim terminou faz já algum tempinho, mas herdamos e reproduzimos costumes da época até hoje. Macaé é um belo lugar pra se observar este tipo de coisa. Pra quem não sabe, a região de Macaé, antes das empresas petrolíferas sonharem em habitá-la, sempre foi dominaga por clãs familiares, tal qual a vizinha Campos dos Goytacazes – que foi um importante polo escravista do Brasil.
Dia desses eu estava relendo um livro intitulado “Negociação e Conflito” (deixando o meu namorado sem entender o motivo da releitura, uma vez que a cada parágrafo eu soltava uma risadinha debochada e sarcástica. Logo depois eu expliquei a ele que só relia pra afagar o meu ego intelectual, e também porque os documentos do apêndice eram muito bons.) do João José Reis. Este livro tem documentos fantásticos publicados como apêndice. Num deles há uma fala de um escravo que ao ser interrogado pela polícia acha por bem ressaltar que ele pertance ao Visconde (que agora não consigo me lembrar de que) numa tentativa de intimidar a autoridade. É como se ele dissesse: “Suncê sabe cum quem ta falano?”. Era como se a autoridade, o poder e as posses do dono passassem pro escravo naquele momento, porque ferir, prender, ou alienar de alguma forma a ele era o mesmo que causar dano ao seu senhor, afinal de contas, mexendo com ele estar-se-ia mexendo numa propriedade legítima do tal Visconde.
Isso também acontece aqui nas longínquas terras de Macaé. Para ilustrar tenho dois exemplos maravilhosos. O primeiro trata de uma das “tias” da faxina aqui da empresa. Ela trabalha na casa do Country manager e costuma tomar para si a autoridade que é dele. Para ela a proximidade dele (por lavar as cuecas dele, sei lá) a torna tão poderoso quanto e esta impáfia é clara em quase todas as falas dela, ainda mais quando está a mando dele. Tal qual esse escravo do Visconde... Outro exemplo é o de uma engenheira recén-contratada. Ela é sobrinha de um dos últimos fazendeiros da antiga Macaé. Tem um sobrenome tradicional e a pose de sinhá. Todas as vezes que vem ao almoxarifado buscar alguma coisa, o faz como se estivesse dando órdens aos peões da fazendo do titio.
É assim a vida nesta terra de Malboro, os maus costumes são passados de pai para filho, de geração em geração. Esses dias eu fiz uma afirmação pavorosa sobre o povo brasileiro... mas isto é assunto para um outro post.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Novo amor, falta de inspiração, muito trabalho e afins.



O Mineiro tem me cobrado muito um novo texto, uma atenção maior para com o meu blog. Já expliquei a ele que, como meus leitores mais fiéis já sabem, só consigo escrever alguma coisa que preste quando estou triste, sofrendo ou sentindo alguma dor. Foi assim com muitos grandes autores (não que eu me querira grande) como Nelson Rodrigues, que tinha úlcera; Ferreira Goulart, que usava seu sofrimento como tinta para sua caneta, entre outros.
Tenho trabalhado muito, namorado muito, vivido muito bem e, logo, não tenho tido motivos, inspiração nem tempo pra escrever. Não quero que vocês, caros leitores, achem que não me importo com o blog nem com aqueles que o leem (agora sem acento circunflexo por causa desta ridícula reforma ortográfica, que tem me desmotivado e muito no que concerne à escrita da língua portuguesa. Cambada de acadêmico sem objeto de pesquisa revelante e com tempo e vontade de mamar nas tetas das sérias instituições públicas de incentivo à pesquisa que se quer científica!).
Vou me obrigar a postar pelo menos um vez por semana um texto, ainda que pequeno. Até porque, escrever é igual a músculo: se não exercitar, atrofia!
Espero vê-los sempre por aqui, amigos leitores e leitores amigos, ou mesmo somente os amigos que me leem por serem meus amigos...
Mas, como todo escritor é solitário e egoísta, na medida em que escreve para satisfazer seus desejos mais íntimos, para amaciar seu próprio ego e para despejar em cima de um possível futuro leitor todas aquelas coisas que o afligem e atormentam, vou entender se vocês me deixarem!
Voltem sempre, fiquem à vontade.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Burguesia bebe



No último domingo tive a oportunidade de passar um dia em meio à “burguesia". Eram mais ou menos 10:00h e minha mãe me ligava chamando-me para encontrar com ela na piscina do Iate Club Icaraí. O dia estava lindo, eu não tinha nada melhor em mente e precisava passar um tempo com ela. Fui. Estávamos lá a convite de uma amiga da minha mãe. É aquela velha história: “não tenho dinheiro, ams conheço quem tem!”. Foi tudo ótimo, ela é uma graça de pessoa, extremamente simples e engraçada. Após a piscina e a sauna, ela nos convidou para almoçar em sua casa. Fomos. Lá chegando, mesa posta, convidados e o marido dela à mesa, um suculento peixe cozido nos aguardava. Como de costume, me dediquei a um trabalho de observação enquanto todos almoçavam e conversavam.
Ali se encontravam um pastor, o filho da anfitrião, bem novo, bonito e muito educado, mas que não se demorou muito; um casal, sendo um remanescente de uma família tradicional dos tempos de glória de Macaé, e a sua esposa uma psicólogo secretária guardiã de alguma coisa no Sana (só melembro que ela falou muito de seu cargo durante o almoço); e para finalizar com chave de ouro, o marido da amiga da minha mãe, um psiquiatra e músico arranjador, extremamente esnobe tal qual a esposa do remanescente macaense. Enquanto comíamos, a secretária de alguma coisa não sabia falar em nada diferente da Casa de Monet, que ficava a penas a km de Paris e que eles quatro (o que obviamente excluia minha mãe e eu) tinham que visitar de qualquer maneira. O tempo passava e o psiquiatra arrajandor cada vez mais ficava embriagado de vinho português, minha mãe tentava se inserir naquela conversa numa tentativa de ser agravél – e eu nem ai, apenas me deliciava com os juízos que a tal secretária de alguma coisa fazia de nós duas – e de repente o psiquiatra bêbado interrompeu minha mãe dizendo: “Júlia, você disse o que?”, ao que ela respondeu: “eu disse que sempre dei muita liberdade à minha filha”. Aí ele perguntou: “o que é liberdade?” minha mãe titubeou, e talvez porque ele estivesse muito bêbado, não se deu ao trabalho de responder. Mas eu costumo achar que os bêbados tem na bebedeira um momento de produção intelectual muito interessante. Foi enquanto eu pensava na pergunta dele à minha mãe que o emsmo me inquiriu: “Você é livre?” respondi que aquela era uma dificil pergunta. Ele insistiu, talvez achando que me provaria a sua genialidade numa frase de efeito: “Sabe velejar?”, e eu: “não senhor, não sei”, e talvez achando que eu já estava constrangida e pronta para receber o bote final... “Eu tenho um barco, e sei velejar. Eu sim sou livre, não dependo de nada nem de ninguém. Não preciso de companhia nem de combustível, é só vento e velas”. Deixei que ele curtisse sua vitória intelectual por meio segundo, e quando percebi aquele sorriso de canto de boca, e a satisfação revelada num balançar do vinho dentro da taça, respondi: “Então você não é livre. É escravo do vento!”. Naquele momento o semblante dele mudou, e talvez numa satisfação interna ainda maior por ter sido vencido naquele comabte de palavras e idéias, aceitou: “é, somos sempre escravos de alguma coisa!”. Daí por diante ele não tirava mais os olhos embreagados de cima de mim, com se agora só quisesse beber as palavras daquela garota que ousou desconcertá-lo.
Daí para frente, a secretária de alguma coisa descambou a falar bobagens e claramente discriminar a mim e a minha mãe depois de saber as nossas profissões e onde morávamos. De prpósito não disse a ela que eu era hsitoriadora formada por uma universidade pública e nem comentei as pesquisas e os simpósios, etc. Deixei-a acreditar que faláva apenas com a recepcionista da NOV, alguém que para ela seria vazio de qualquer tipo de cultura. Eu não ia estragar tudo contando a ela. Não ia interferir no meu objeto de estudo a ponto de estragar toda a imparcialidade da pesquisa.
Mas eu não estava errada sobre a capacidade de produção intelectual dos bêbados. Talvez naquele momento o psiquiatra arranjador chegou à mais brilhante conclusão de sua vida: “a gente é sempre escravo de alguma coisa”.
No fim das contas, a secretária de alguma coisa do Sana e compania limitada são como uma ibra do famigerado Monet, linda de longe, mas uma terrível confusão se olhada de perto.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Surpresa!



Existe sensação melhor do que a de ser surpreendido? Não falo aqui de levar um susto, não. Falo do frio na barriga, da vontade inútil de tentar esconder as mãos, como se nelas estivesse escondida toda a vergonha do mundo, falo do sorriso involuntário que é fruto da surpresa. Quando a vida se repete naquela mesmice pobre, quando as coisas e as palavras permanecem no mesmo lugar tanto tempo que só fazem acumular poeira em volta, quando o tédio toma conta, nada melhor do que uma surpresa. E não é qualquer um que tem o dom de surpreender. Importa tanto a iniciativa quanto o modo. Felizardo é aquele que encontra alguém que tem o dom de surpreendê-lo a cada dia e sempre de maneiras diferentes. Surpreenda alguém hoje!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Ah! Os Romanos!



Nunca entendi de fato a verdadeira razão da metodologia romana de conquista de território, até agora. Como historiadora eu até que me dava por satisfeita com aquela clássica explicação que rezava que os romanos assimilavam a cultura dos povos conquistados porque – para além da curiosidade natural deles pelo desconhecido – o ser humano em geral tem uma capacidade, ou mesmo uma necessidade, natural de aprender e esta é sempre maior do que a capacidade de desaprender. Na verdade, quando uma pessoa realmente aprende alguma coisa nunca mais consegue se desvencilhar daquele aprendizado, ainda que ele vire apenas uma vaga lembrança. O que fazemos ao longo da vida é aprimorar, nos reinventar, mas sempre baseados num ponto de partida.
Os romanos fizeram isso com os gregos. Conquistaram, submeteram, assimilaram, aprimoraram e subrepujaram. Mas não teriam sido exatamente o que foram se os gregos não tivem desempenhado o seu papel nesta história. O mesmo acontece conosco. Por diversos momentos queremos evitar situações ou apagar da memória momentos ruins de nossas vida. Mas o que não conseguimos perceber é que se a finalidade da guerra é o triunfo, as derrotas em algumas batalhas foi tão importante quanto as vitórias. É como já disseram: “O universo conspira a nosso favor”. E é como diz a Bíblia: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.
Há um tempo atrás, alguém que eu amava muito costumava me dizer as coisas que me aconteceriam no futuro, um futuro que eu não poderia didvidir com ele. Eu achava absurdas todas aquelas bobagens que ele dizia, e durante muito tempo eu quis apagar ele e tudo o que dele eu tinha ouvido durantes aqueles anos. Mas hoje eu vejo que ele estava coberto de razão, todas as profecias dele estão se cumprindo e finalmente percebi que restaram em mim manias que eram dele, coisas que eu criticava e que hoje faço igual (como dormir com os pés descobertos). Mas o mais interessante de tudo é que hoje eu percebo que jamais poderei apagá-lo da minha memória, porque tudo o que sou hoje é fruto dessa simbiose, desse resultado de mim mesma que surgiu depois de conhecê-lo e de ter que “esquecê-lo”. Sofrimento faz crescer, quedas ensinam a levantar e amores que morrem nos ensinam mais coisas boas do que ruins. Hoje sou mais completa, mais realista, mais mulher, mais madura, mais determinada, mais dona de mim. Hoje sei que vale à pena assimilar a cultura do povo conquistado e aprender com ele, mas – tal qual os romanos - também sei que não posso me esquecer quem é o conquistador.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Hegel e o Rock



Esses dias eu estava conversando com o meu padrinho. Conversas com ele sempre são muito interessantes. Era mais um daqueles almoços de família e, numa tentativa desesperada de não ouvir aquelas mesmas histórias de sempre, conversávamos sobre Hegel. Engraçado porque uma das poucas lembranças muito vivas que eu tenho da faculdade é a de uma aula de filosofia na qual o professor chegou anunciando que não se incomodaria em tentar explicar Hegel para a minha turma porque nós seríamos incapazes de entender. Tudo bem, era a opinião dele.
Fato é que naquele almoço de família meu padrinho me fez compreender ao menos o basicão de Hegel. Bem... aí, no final de semana passado eu estava com uma música na minha cabeça que não me largava por nada, e que expressava tudo o que estava sentindo naquele momento da minha vida. E inconscientemente eu me pegava cantando:"should I stay or should I go... tarãrã tãrãrãrã". Um amigo meu, percebendo a minha angústia me apresentou outra música:"Breaking the law, breaking the law
Breaking the law, breaking the law". E a cada vez que eu cantava a primeira ele revidava, e me dizia pra não ser tão racional o tempo todo, porque o tempo passava rápido enquanto eu não me decidia.
No sábado estávamos num encontro de motociclistas e a música chave do show foi "It's my life
It's now or never
I ain't gonna live forever
I just want to live while I'm alive".

Pronto! No dia seguinte eu estava entendendo Hegel à luz de rock and roll. Pensei: "should I stay or should I go" é a tese, "breaking de law" é a antítese e "it's my life" é a síntese. Eureka!
É bem verdade que tenho vivido com mais leveza de lá pra cá.
Obrigada The Clash, Judas Priest e Bon Jovi pelas músicas e letras inspiradoras. E obrigada, Du, pela trilha sonora!

Não sei bem e Hegel ia gostar dessas comparações, mas certamente meu padrinho vai me chamar de louca quando ler isso aqui!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Prometo!



Ana Luiza: _ Tem um livro ótimo, que você precisa ler. O nome assusta, mas é muito bom. Chama-se “memórias de minhas putas tristes”...
Renato: _ Aff! Garcia Marques?! Eu já ouvi falar desse livro, mas tenho nojo do Gabriel Garcia Marques. Eu sou assim, quando não gosto do autor, tomo raiva da obra... se bem que ele escreve muito bem!
Ana Luiza: _ Tudo bem, o Garcia Marques é um comunista imbecil, mas escreve bem pra caramba! Mas eu também sofro desta doença, sou assim com Chico Buarque, o cara compõe como ninguém, mas é um idiota. Comunista idiota! Acaba que por não gostar dele, me privo de ouvir as músicas dele!
Renato: _ Exatamente isso. Eu também não vou com Chico, comunista de merda! Mas do Garcia Marques eu já li várias coisas. Quando Li “Cem anos de solidão” então...
Ana Luiza: _ “Cem anos de solidão” eu nunca li, dizem que é muito bom.
Renato: Puta que pariu, você tem que ler! Mas o cara é um merda.
Mas eu sou o pior tipo de comunista que existe...
Ana Luiza: _ Comunista arrependido?
Silêncio, e em seguida uma sonora e longa gargalhada.
Renato: (ainda rindo) _Como você sabia?
Ana Luiza: _ Análise do discurso. Convivi muito tempo com um comunista arrependido. Ainda bem que vocês se arrependem!


Daí para frente a conversa fluia me fazendo lembrar muitas coisas e, no final de tudo, admitir: ex-comunistas são pessoas muito cultas e interessantes. Isto não se dá por terem deixado de ser comunistas, mas pelo hábito que os intelectuais de esquerda têm de ler tudo lhes é sugerido pelo partido ou pela corrente de pensamento, com uma disciplina e exercício de memória impressionantes, hábito este que os acompanha por toda a vida. O resultado é: mesmo que o cara deixe de ser de esquerda, ele continuará lendo e se tornando cada vez mais culto. Eles têm uma facilidade incrivel de ler coisas boas ou ruins e tirar delas o melhor. Invejo isto, porque sempre fui muito seletiva com as minhas leituras. Nunca consegui ler aquilo que eu achava imbecil ou ruim. Nunca consegui pensar em modos de produção ou em grupos que, ainda que compreendendo pessoas, obedeçam a padrões de comportamento e pensamento. Isto não funciona nem com animais...
Confesso que esta minha “intransigência” fez de mim uma “intelectual limitada”. Por isto vou fazer o caminho inverso. Enquanto todos os meus colegas de faculdade, tendo chegado na UERJ jovens de esquerda e revolucionários - uns marxistas, outros trotskistas e outros ainda maoístas – tendem a se tornar um dia homens de direita cultos e sensatos (infelizmente nem todos o farão), eu que cheguei e me mantive cristã e de direita vou tentar ler de coração aberto (e sem deboches nem preconceitos) a literatura de esquerda. Isto é uma promessa, caros leitores!
É claro que vou começar pelos mais inteligentes, e que fique bem claro: Recuso-me a ler qualquer coisa que nosso atual presidente venha um dia a publicar, me basta ouví-lo.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Como é bobo ser jovem! Como é bom ser bobo!



Como os mais próximos sabem, sou temporão. Meu pai é muito mais velho que minha mãe e, por consequência, eu sou muito mais nova que meus primos. Por motivos óbvios, cresci sempre cercada de gente velha, de primos que pareciam tios e tios que pareciam avós. Me acostumei a assuntos maduros, sempre tive facilidade de convivência e até mais afinidade com pessoas mais velhas. Com o tempo passei a procurar também a amizade de pessoas muito mais velhas do que eu, por achar que as pessoas da minha idade não tinham maturidade pra conversar comigo. Achava adolescentes e pessoas com menos de 30 anos uma gente chata e desinteressante... cheguei até a levar essas convicções para a vida amorosa. Mas, como diria o sábio Joseph Climber, a vida é uma caixinha de surpresas. Deus me levou pra começar uma vida nova numa cidade praiana e turística, num ramo onde as pessoas começam muito jovens. Nesta última sexta-feira me peguei observando a mesa a qual eu estava sentada com uns amigos de trabalho. O impressionante é que 90% dos integrantes da mesa tinham nascido na segunda metade da década de 1980. Gente, pela primeira vez eu estava sentada à uma mesa onde todos conheciam os meus desenhos animados que eu. E pela primeira vez eu passei a noite terminou sem eu ouvir nenhuma única vez aquela temida frase: “Você não se lembra, isso não é do seu tempo!”. Pela primeira vez eu não precisei desejar envelhecer pra me sentir bem num meio social.
Deus quando faz uma obra na nossa vida não a deixa inacabada, nem malfeita. Ele está restaurando cada pedacinho meu que tinha caído da pintura original.