domingo, 10 de fevereiro de 2008
Eu vivia cheio de esperança, e de alegria...
Ah, quantas lágrimas eu tenho derramado
Só em saber que não posso mais reviver o meu passado
Eu vivia cheio de esperança
E de alegria eu cantava, eu sorria
Mas hoje em dia eu não tenho mais
A alegria dos tempos atrás
Mas hoje em dia eu não tenho mais
A alegria dos tempos atrás
Só melancolia os meus olhos trazem
Ai quanta saudade a lembrança traz
Se houvesse retrocesso na idade
Eu não teria saudade da minha mocidade
Mas hoje em dia eu não tenho mais
A alegria dos tempos atrás
Mas hoje em dia eu não tenho mais
A alegria dos tempos atrás.
(Manacé)
Não ando muito boa para escrever. A verdade é que não ando muito boa, em todas as acepções da palavra. A saúde fraca, a memória ruim, a confiança desconfiada. Há exatos quatro anos eu tinha todos os sonhos que uma menina de 17 anos pode ter. Acabara de terminar o colégio e passar no vestibular, uma faculdade me aguardava com todas as suas surpresas e atrativos. Era um mundo novo que se descortinava diante dos meus olhos. Eu imaginava o tema da monografia, o mestrado e o doutorado que eu queria terminar antes dos 30 anos.
Hoje, aos vinte e um anos recém completados, terminei os oito períodos do curso de História da UERJ e acabo de entrar para as estatísticas: sou a mais nova desempregada do Brasil. Aí parece que todos os sonhos eram bobagens de adolescente, parece que tudo foi em vão e que eu devia ter ouvido o meu pai, que sempre quis que eu fosse uma advogada. Parece que o ensino superior só me serviu para garantir uma cela especial – se bem que, do jeito que vai o nosso sistema carcerário, não sei não... – para o caso de uma desgraça. Vivi coisas boas na faculdade, é verdade. O que me incomoda é ver o quanto estou insatisfeita com os rumos que minha tomou nestes últimos anos sendo eu ainda tão jovem. Ontem eu observava o meu pai (papai tem 68 anos e é cardíaco) durante a novela das 21h, ele não anda muito bem e tem sentido algumas dores. Vi o quanto meu pai está debilitado, com um semblante de alguém que sente dores e está cansado. Ele ainda levanta todos os dias às 04:00h para trabalhar. Aí quis imaginar como ele se sente agora, depois de tantos anos vividos e trabalhados. Será que ele também se incomoda com a vida que teve, com as coisas que não viveu, com a profissão que escolheu? Não sei, só sei o que vejo no olhar do meu pai: cansaço.
Viver cansa, em muitos momentos. Fazer escolhas também cansa, mas cansa ainda mais analisar o resultado das escolhas feitas. De onde vem a tristeza e desapontamento? Por enquanto fico com a triste constatação de que não pode ganhar dinheiro fazendo o que se gosta neste país, talvez daqui quatro anos eu faça esta mesma reflexão depois de ter me formado num outro curso.
Imagem: http://olhares.uncovering.org/v/eros/driben/driben23.jpg.html
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6 comentários:
Ana, tu é nova demais, eu tenho 29 e estou encarando agora uma faculdade de Ciências da Computação só pra variar, já pensei em desistir trocentas vezes, já me vi perdido outras tantas, vai se acostumando, sentir-se satisfeito é coisa "braba" nesse mundo e eu que pensei que tudo daria certinho, mas fui contra-maré e hoje corro atrás do prejuízo, corre atrás dos teus sonhos que dá certo. Numa boa, permita-se e tudo começa a parecer melhor.
Quanto ao dinheiro, ele aparece, é chato esperar, é desesperador ver os ridículos salários propostos e as exorbitantes diferenças sociais, mas uma hora ele aparece, continua tua luta sem tristeza, essa vida passa rápido demais, experiência própria.
Acho que está Emile Durkheim estava certo. De tempos em tempos surge na sociedade uma "corrente de solidariedade". Esta todo mundo tendo o mesmo sentimento. Cansaço. Está todo mundo cansado. Mas, Ana não se "aperrenhe" não. Tudo nesta vida passa. Estes sentimentos vêm e vão, fazem parte da vida. Você deve ter sentido com os seus dezessete, mas não se lembra. Faz parte do jogo da vida. Depois a gente esquece.
Enfim, boa sorte na nova caminhada!
Tomara que tudo dê certo!
bjao!
Olha Ana, tem certas horas que a gente se sente assim mesmo, eu estou fazendo direito mas sem a perspectiva de algo no amanhã, agora eu vivo o hoje porque perdi tanto tempo da vida pensando no ue gostaria de fazer, no que me agradava e pensando como eu seria feliz fazendo algo que eu não gostava que agora eu quero só ser a melhor e conseguir tudo que um dia eu sonhei, sonhos cabiveis é claro...rs
Mas calma lá, não perca o intusiasmo não, porque a motivação é que abre nossos caminhos.
Beijo no coração.
Oi, Ana Luiza. Me chamo Camila e também me formei em História na UERJ ano passado. Li seu desabafo e posso dizer que me identifiquei muito pq logo depois de terminar a faculdade senti a mesma tristeza. Eu costumava dizer que mostraria a todos como era possível ganhar dinheiro fazendo o que se gosta, no meu caso História. Hoje, quase um ano depois, continuo desempregada e bem desiludida com a profissão que escolhi, mas o que eu posso dizer é que com o tempo vc vai refazer os seus planos, seguindo outros caminhos e tomando diferentes direções. Infelizmente, a realidade da nossa profissão não é muito boa, nosso campo está muito saturado e diante disso o que nos resta é assumir os riscos, enfrentar as dificuldades e seguir adiante, ou procurar outro caminho. O que posso dizer é que vc não está sozinha. Até hoje também questiono as escolhas que fiz e penso que seria tudo diferente se eu tivesse escolhido outra coisa mais promissora como Direito, mas eu vejo tanta gente que fez o que dava dinheiro e não se deu bem que cheguei a seguinte conclusão: o que precisamos é ter perseverância, paciência, um pouco de sorte e, se nada disso der certo, precisamos ter a coragem pra tomar um novo rumo. Eu não penso em abandonar completamente a História, mas se há quatro anos escolhi o que gostava, hoje eu tenho que escolher o que vai me ajudar a sobreviver e já penso em fazer uma nova faculdade, o que não é garantia de sucesso, mas é uma nova tentativa de acerto! Não desanime!
Bjs!
Engraçado, cheguei aqui porque procurava a letra dessa música. Já se passsaram dois anos desde que você postou isso. Simpatizei de cara - pelo ótimo gosto musical??? Não faço a menor idéia de quem seja, mas digo: tomara que estaja bem. Tomara que seu pai esteja bem. Tomara que não tenha desistido de seus sonhos. São desejos sinceros que sinto agora - e se alguém pode querer seu bem sem nem te conhecer, é porque correr atrás do que se quer é bonito. Não perca isso, menina.
È assim mesmo viu difícil demais esta vida...Vejo aqueles desabamentos que ocorreram no Rio e concluo...é tudo parte da mesma tragédia, uma única grande tragédia! Também estou desmotivavado, mas no meu caso não é profissional e sim amoroso, pessoal, mas que diferença faz, parece que o que a gente quer não vem e o que não pedimos acaba vindo, esta música expressa muito a realidade, eu tb busquei a letra dela...
Mas é como o grande poeta disse..."Tristeza não tem fim, felicidade sim" Uma das poucas verdades indiscutíveis infelizmente...
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