sábado, 4 de agosto de 2007
Amor, amor, amor
Viver despreocupado deve ser bom, mas não há nada comparável a ter por quem chorar, ter alguém com quem possamos dividir os nossos melhores sentimentos. De amor são boas até as brigas, porque depois vem a deliciosa reconciliação. Fato é que até para amar há que se ter coragem, e que, por muitas vezes, deixamos passar as oportunidades pelas quais passamos uma vida inteira esperando, por pura covardia.
Somos tão cheios de princípios, e tão absorvidos pelas convenções, que, por inúmeras vezes consideramos todos os pontos contrários, deixando de perceber a riqueza de detalhes que há na simplicidade e ignorando a sinceridade de um sentimento puro. Passamos a vida querendo agradar a uma sociedade de corrupção moral velada, querendo fazer as coisas dentro dos padrões - com medo do que as pessoas vão falar - que quando nos damos conta a vida já passou, os amores já passaram e a felicidade já não tem vez.
O Amor é o mais puro dos sentimentos. É aquilo que acalma e arrebata, bondozo e cruel. O mais complexo dos simples sentimentos.
Diz aí Camões:
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce e é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido:
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens e inda aos deuses odioso.
Se males faz Amor, em mi se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de amor;
Todos estes seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
Luís Vaz de Camões
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário