quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Reféns de Fidel


Hoje, como na maioria dos dias, dei aquela olhadinha desinteressada na capa do jornal O Globo. Todos os dias olho o jornal já com aquela sensação de que as notícias obedecem a uma tipologia e de que nada de extraordinariamente novo acontece. Pois é, num dos cantos da capa tinha uma tímida manchete sobre o destino dos pugilistas cubanos "desertores", que foram gentilmente expulsos e mandados de volta para os braços de Fidel pelo cordial governo brasileiro.
Os pobres miseráveis estão não só proibidos de participar de campeonatos fora de Cuba, eles estão também proibidos de sair daquela ilha pro resto de suas vidas. Queridos leitores, esses atletas são reféns de Fidel! Sinceramente, os esquerdistas que por ventura lêem este blog, que me perdoem. Eu não me canso de dizer que eu não sou normal. Na minha profissão, se eu fosse mais uma dessas jovens militantes de esquerda, admiradoras de Marx e apaixonadas por "La Revolución" muitas portas me seriam abertas, eu certamente seria uma historiadora de sucesso, não seria nenhum sacrifício para mim, ir à faculdade, ouvir aquelas aulas, ler aqueles textos clássicos (tipo o antológico debate entre Dobby e Sweezy)nos quais não consigo achar nenhum sentido. Mas infelizmente não sou como o resto do rebanho... nasci de direita e nunca passei pela fase revolucionária, pra completar não sou atéia, mas protestante. Aí já viu né? Webber devia saber o que dizia, de fato...
Pois, este panorama de mim mesma pode te fazer entender a minha impaciência com Cuba. Não. A minha impaciência é com Fidel. Como pode um homem proibir pessoas de tentarem ter uma vida mais digna em outro país? Eu não entendo mais nada...
Mas, felizmente, este é meu último período na faculdade. Não serie mais obrigada a aturar ou ter qualquer tipo de contato com a academia [des]ilustrada. Acho que ficarei por um ano longe dos jornais e das notícias, vou esquecer o mestrado. É isso, decidi. Só volto a pensar em história quando Fidel Castro for somente um fundo num arquivo PRIVADO em Havana. Podem me chamar de "alienada", será o melhor dos elogios.

3 comentários:

*Mr. Tambourine* disse...

Oi Ana!
Eu vou escrever, mais ou menos, um texto falando da mesma coisa!
Caramba, tava aqui pensando como eu também não consigo engolir o regime do Fidel. Aquilo ali é como cárcere privado. Tá doido! E o pior, é alguém defender aquilo como modelo. Este modelo suprimiu todos os direitos liberais, como relembra Marshall no seu texto clássico (direito político principalmente)...
Eu quero é distância. Um amigo meu brinca comigo falando que ainda tá para nascer uma esquerda consciente no Brasil. E cada dia mais concordo com ele...
É triste! Do mesmo jeito que eu fico triste (por não existir um partido de centro), tenho quase a certeza que você fica também, pois esta direita brasileira inexiste...
Os partidos brasileiros são patéticos...

Se alguém me chamar de alienado também fico feliz demais! Nestes tempos isto é um grande elogio!
huahuahuhuahuahuhuahuhuhua

Ah muito obrigado pelo elogio. Vou tentar manter o padrão!
Fico feliz pela sua volta! Que tudo dê certo!

bjaaaaao!

José Roberto Pinto de Góes disse...

Somente um fundo num arquivo privado é ótimo! Cuba voltou ao tempo da escravidão. Fidel é o senhor e, como tal, tem que vigiar pros escavos não fugirem da fazenda dele. Dele e do partido comunista. eca!

Ricardo Rayol disse...

Vixi, do jeito que há o culto ao ego por lá isso vai levar uns 50 anos.