Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser a nossa paz há de ser nessa conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos a saber.
Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós não tirando um destes dias por causa de dia santo.
Para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas.
Não há de nos obrigar a fazer camboas, nem a mariscar, e quando quiser fazer camboas e mariscar mande os seus pretos Minas.(...)
Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de outros com a nossa aprovação.(...)
A estar por todos os artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta, estamos prontos para servirmos como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos demais Engenhos.
Poderemos brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença.
O texto acima é composto por fragmentos do tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que se conservaram levantados, ou seja, rebelados, em 1789. A partir dele podemos pensar vários aspectos da vida dos escravos no Brasil dos séculos XVIII e XIX, podemos pensar vários aspectos da vida do ser humano em qualquer tempo ou espaço.
Há quem diga que é necessário pouco para ser feliz, e é o que vemos no trecho acima. Os escravos poderiam ter exigido muito mais que um dia de folga e liberdade para brincar, dançar e cantar. Eles não pediram nem prata nem ouro, mas somente o necessário para se viver com um pouco de dignidade. É impressionante como existem pessoas que por mais que vivam rodeadas de luxo, e com um patrimônio num crescimento progressivo, nunca estão satisfeitas com o que tem, nunca estão felizes e querem sempre mais. Vivem numa busca infindável pela estabilidade e pela paz que não alcançam.
Há também aqueles que ao serem perguntados sobre a vida, sempre dizem: “vai indo”, “levando como posso”, “como Deus tem permitido”... E são incapazes de olharem ao redor de si mesmos e reparem que apesar das dificuldades não lhes falta comida, abrigo ou vestimenta, não percebem que não estão desamparados e não vêem as pequenas coisas cotidianas que são responsáveis por simples momentos inesquecíveis e que não se repetirão.
Tem gente que mesmo ganhando R$15.000,00 por mês gasta 25.000 e, por isso, vive num stress continuo e com a corda no pescoço. Não é o emprego que é ruim ou o salário que é pouco, é a maneira como a gente se dispõe a trabalhar ou a maneira como a gente gasta, e com o que se gasta, o dinheiro que nos faz mais felizes ou infelizes.
O necessário para fazer aqueles escravos felizes a ponto de aquietá-los e torna-los servos daquele senhor pode parecer pouco para quem só consegue imaginar a plena num bilhete premiado da Mega-sena acumulada. Mas é verdadeiramente feliz aquele que é capaz de encontrar a felicidade nas pequenas coisas, aquele que é capaz de ver Deus num pôr-do-sol. Este sim dorme sossegado, porque sabe que as misericórdias de Deus se renovam a cada manhã, a cada nascer do sol.
Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós não tirando um destes dias por causa de dia santo.
Para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas.
Não há de nos obrigar a fazer camboas, nem a mariscar, e quando quiser fazer camboas e mariscar mande os seus pretos Minas.(...)
Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de outros com a nossa aprovação.(...)
A estar por todos os artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta, estamos prontos para servirmos como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos demais Engenhos.
Poderemos brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença.
O texto acima é composto por fragmentos do tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que se conservaram levantados, ou seja, rebelados, em 1789. A partir dele podemos pensar vários aspectos da vida dos escravos no Brasil dos séculos XVIII e XIX, podemos pensar vários aspectos da vida do ser humano em qualquer tempo ou espaço.
Há quem diga que é necessário pouco para ser feliz, e é o que vemos no trecho acima. Os escravos poderiam ter exigido muito mais que um dia de folga e liberdade para brincar, dançar e cantar. Eles não pediram nem prata nem ouro, mas somente o necessário para se viver com um pouco de dignidade. É impressionante como existem pessoas que por mais que vivam rodeadas de luxo, e com um patrimônio num crescimento progressivo, nunca estão satisfeitas com o que tem, nunca estão felizes e querem sempre mais. Vivem numa busca infindável pela estabilidade e pela paz que não alcançam.
Há também aqueles que ao serem perguntados sobre a vida, sempre dizem: “vai indo”, “levando como posso”, “como Deus tem permitido”... E são incapazes de olharem ao redor de si mesmos e reparem que apesar das dificuldades não lhes falta comida, abrigo ou vestimenta, não percebem que não estão desamparados e não vêem as pequenas coisas cotidianas que são responsáveis por simples momentos inesquecíveis e que não se repetirão.
Tem gente que mesmo ganhando R$15.000,00 por mês gasta 25.000 e, por isso, vive num stress continuo e com a corda no pescoço. Não é o emprego que é ruim ou o salário que é pouco, é a maneira como a gente se dispõe a trabalhar ou a maneira como a gente gasta, e com o que se gasta, o dinheiro que nos faz mais felizes ou infelizes.
O necessário para fazer aqueles escravos felizes a ponto de aquietá-los e torna-los servos daquele senhor pode parecer pouco para quem só consegue imaginar a plena num bilhete premiado da Mega-sena acumulada. Mas é verdadeiramente feliz aquele que é capaz de encontrar a felicidade nas pequenas coisas, aquele que é capaz de ver Deus num pôr-do-sol. Este sim dorme sossegado, porque sabe que as misericórdias de Deus se renovam a cada manhã, a cada nascer do sol.
Um comentário:
Então foi nega a felicidade a marxistas e capitalistas. Os primeiros, porque não conseguem ver o Criador em lugar nenhum.
Os segundos, porque o capitalismo é a doutrina da compra sempre em evolução. Só é feliz quem compra, mesmo que não possa comprar (como podemos verificar assistindo as propagandas de cartões de crédito).
Felizes somos nós...
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