terça-feira, 29 de maio de 2007
Saudades de Alcobaça
Pier da Aldeia de Pescadores do Rio Itanhém -Alcobaça - BA - RJ
"ô Bahia, ai, ai
Bahia que não me sai do pensamento, ai, ai..."
"Agora é tarde. Inês é morta."
Há alguns minutos atrás me bateu uma saudade daquela cidadezinha da Costa das Baleias, no Sul da Bahia, onde passei o melhor final de ano da minha vida, chamada Alcobaça.
Cidade onde o novo e o antigo convivem sem conflitos, nem tão parada no tempo quanto Caravelas, nem tão evoluída quanto Prado. Dotada de uma belíssima extensão de praias, com suas águas mornas e de um azul meio cinza meio verde nunca por mim visto em qualquer outro litoral. Sinto saudades das ruas ora de chão de areia, ora de pedras; saudades da vila de pescadores que segue a extensão do Rio Itanhém conservando a beleza nostálgica e humilde dos tempos do descobrimento. Sinto saudades do indescritível pôr-do-sol visto do "Deck da Barra" de frente ao supra dito rio, da beleza do sol beijando aquelas águas e conferindo-lhes um brilho maravilhoso.
Sinto saudades de depois de um dia inteiro de passeios exploradores e sem rumo - sem precisar me preocupar com contas, dinheiro, problemas, futuro - voltar para casa e ter a farofa amarela da avó do Herold me esperando, quentinha em cima do fogão. Sinto é saudades daqueles vinte dias de total liberdade que tive lá, fui livre de mim mesma por vinte dias.
Acho que a saudade voltou quando, há duas semanas, comecei a ler a tragédia "Castro" na aula de Literatura Portuguesa I. A peça fala de um amor proibido vivido pelo Infante D. Pedro (que não é o Pedrinho do Brasil) e Inês de Castro. Depois de um triste desfecho, Inês foi assassinada pelo rei e seus conselheiros, contra a vontade de D. Pedro. Este, mandou fazer um mausoléu com dois túmulos, virados de frente um para o outro, onde seriam enterrados Inês e ele, para que ´no dia da ressurreição dos mortos eles fossem os primeiros que se vissem. O lugar escolhido para se depositar os restos mortais dos amantes foi Alcobaça, mas esta em Portugal.
Soubesse eu como era bom viver a humilde e irresponsável vida da Alcobaça baiana - da ocasião em que lá estava - não teria voltado. Mas como disse o coro (ou foi o secretário?) ao infante D. Pedro: "Agora é tarde. Inês é morta."
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6 comentários:
Ah...olha agora que chato! Eu já disse.....
É o seu melhor texto, Ana...ele é tranquilo - no sentido literário, de reflexão e escolha das palavras, tranquilidade e desenvoltura para lidar com isso. Ele passeia pelas referências sem perder o fio, sem soltar a atenção do leitor. Adorei!
oooooooooooooooo
Obrigada Pris! vindo de você...
Eu estava mesmo tranquila quando escrevi. Foi a saudade!
Que bom que agradei os meus milhares de leitores.
huahuahauhauh
Como pode ver, voltei com tudo... Comentei tudo em que ainda não havia enfiado a minha colher torta...
Espero que aprove, Pequena Herege...
Outras Alcobaças virão. Inês morreu, mas você está bem viva.
Continuando a história: Pedro tornou-se o oitavo rei de Portugal, em 1357, como o título de Pedro I. Em Junho de 1360 fez uma declaração, em Cantanhede, legitimando os filhos com Inês, ao afirmar que se havia casado secretamente com ela, em 1354 "...em dia que não se lembrava...". A palavra do rei, e de seu capelão foram a única prova deste casamento. Pedro perseguiu os assassinos de Inês, que tinham fugido para Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados (segundo a lenda, o Rei mandou arrancar a um o coração pelo peito e ao outro pelas costas, e assistiu à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para França, e foi mais tarde perdoado pelo Rei no seu leito de morte.
Algumas relatos dizem que Pedro também mandou retirar os restos de Inês do túmulo e fez com que toda a Corte desfilasse em frente a ela (ou do que dela restou) e lhe beijasse as mãos... e não admitiu recusas.
Um sujeito batuta, esse tal de Pedro...
pois é , Pedrinho era o Cara!
mas destas histórias eu já sabia!
Seja bem-vindo Mac!!
huahuahau
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