terça-feira, 5 de junho de 2007

Na Contramão

Por vezes me pego pensando: “será que eu não entendo nada, ou será que eu fui uma das poucas pessoas que entendeu?".
Esta questão se faz presente a cada dia de maneira cada vez mais intensa na minha vida. Tenho ficado perplexa com as coisas que ouço ou que leio, além de perceber as sutilezas da decadência moral da sociedade. Nunca fui uma pessoa preconceituosa, nunca admiti quaisquer tipos de vexação ou discriminação com quem quer que fosse. Mas o que tem me incomodado ultimamente é a maneira como as pessoas têm lidado com as diferenças e com os diferentes. Em nome de uma tal "igualdade" - igualdade esta produzida com a intenção de acabar com a segregação social de alguns indivíduos que foram preteridos ao longo da história - certos grupos ignoram a existência de indivíduos e da liberdade de pensamento individual, produzindo uma consciência coletiva e indiscutível.
Quando isto acontece, nos vemos numa sociedade que se quer e se entende livre onde se prega uma democracia e uma liberdade de expressão que, em nome do bem coletivo, vão deixar de existir. Conheci certa feita um homem muito sábio que vivia a dizer: "o mal dos homens é não entender o que é a liberdade, acabam por confundi-la com libertinagem". E por não sermos capazes de discernir a liberdade e praticá-la, por não sermos donos da nossa própria liberdade passando a ser escravos de uma idéia de liberdade, é que vivemos numa sociedade tão despótica e ditatorial. Estamos sob a pior das ditaduras, aquela que acontece no campo das idéias.
Este é o país no qual existe um "movimento negro" que quer dividir a população em brancos e negros, ignorando assim todas as especificidades da população brasileira e desconsiderando - além de marginalizar - a maravilhosa miscigenação da qual ela resultou. Aqui ninguém acha absurdo um dia da consciência negra, medidas afirmativas para negros, pior, ninguém se espanta com o fato de pessoas ainda entenderem que o ser humano pode ser classificado por raças. Este é também o país no qual a democracia ainda não foi entendida por seus mantenedores. Os eleitores brasileiros, em sua maioria, ainda acham que não votar no candidato que está "encabeçando" as pesquisar é jogar o voto fora. É como se o voto de cabresto tivesse se adaptado à nova realidade e sobrevivido. É o país onde políticos sabidamente corruptos são eleitos com um número absurdo de votos. Este é o país onde o governo chama a Igreja de hipócrita por não dizer aos jovens que é saudável transar com qualquer um, se estiver usando camisinha. Ou seja, os valores estão invertidos ou há uma ausência de valores.
Este é o país que acha que para se desenvolver precisa copiar os bons e maus modos dos países desenvolvidos.
Hoje em dia quem acha que homossexualismo não é normal, ou saudável, é acusado de homofóbico, ninguém mais pode ser conservados ou prezar pelos valores da família, ou pelo que se entendia por família. Temos que achar normal um “casal” de homens adotar uma criança. Não se pode "agredir" um homossexual com a sua incompreensão, mas os seus valores e a sua incompreensão podem ser agredidos por uma passeata no dia do orgulho gay, onde homossexuais se beijam e se agarram sem o menor pudor pelas ruas sem se importar se estão "agredindo" crianças, famílias e idosos que passam pelas ruas. (neste momento os meus leitores devem estar gritando em uníssono: Homofóbica!)
Caminhamos para uma depressão moral em todas as esferas da sociedade que não tem volta.
Aí me volta a pergunta: " Será que eu estou louca e sou a única a não entender as coisas que acontecem a minha volta, ou será que ninguém mais percebe ou entende?"
Acho que esta resposta eu não tenho, mas certamente não me classificarei como branca ou negra só porque o congresso decidiu que é assim que tem que ser, não votarei em políticos corruptos por falta de opção, não votarei também nos primeiros nas pesquisas eleitorais com a desculpa de não desperdiçar o voto, não vou achar normal ou me sentir à vontade com homossexuais se beijando em lugares públicos só por que todos estão tentando me dizer que está na moda achar isso legal ou pra não ser processada por homofobia, nem vou sair por ai transando com todo mundo só porque o governo grita pelos quatro cantos do pais em suas campanhas que, se for com camisinha, não tem problema.
Prefiro continuar andando na contramão.

OBS: Este foi o primeiro “artigo” que postei neste blog, e foi dele que saiu a idéia para o nome “na contramão”. Foi tudo resultado de uma censura que sofri ao comentário no blog “Dois mil e sete”, de José Roberto Pinto de Góes, que foi apagado sem piedade pelo administrador do mesmo.
Eu postei aqui e logo apaguei por medo da incompreensão dos leitores, mas hoje me lembrei que nunca esperei a compreensão de ninguém mesmo... Então, falem mal ou bem, está postado!

3 comentários:

Cal disse...

Concordo com quase tudo e com a sua indignação em relação a certos assuntos abordados. Mas acho que você se equivocou em algumas coisas.
Não creio que a intenção do governo seja a de que você deve transar com todo mundo, desde que seja com camisinha.
A intenção é a de que você deve transar de camisinha sempre, seja com quem for... mesmo que as pessoas não vão parar de transar. Então, que pelo menos usem a tal da camisinha. E a postura da Igreja é sem sentido porque o que está em cheque para a Igreja Católica (as outras eu não conheço o suficiente) é a noção de que o sexo é pecado se não for usado apenas para fins de procriação, o que não tem o mínimo sentido. Para a minha religião, sexo é para ser feito também como fonte prazer, pois nos foi dado pelo Criador, assim como nos foi dado o prazer de comer bem ou beber um bom vinho. Isso não quer dizer que devemos usar esse prazer indiscriminadamente, assim como não devemos nos encher de colesterol nas nossas refeições, ou viver de porre... Mas se sexo fosse para ser feito apenas como procriação, depois dos quarenta e poucos anos nenhuma mulher deveria "dormir" com o homem que ama, pois não poderia mais procriar depois da menopausa. Então, nada mais de sexo. Meio incoerente esse conceito, não acha, pequena herege? Pegue um outro exemplo: eu e Raquel temos um acordo de só termos filhos daqui a cinco anos, quando pensamos em estar com a nossa vida mais organizada. Até lá a gente faz o que?... Não precisa responder, a pergunta era só retórica...
Quanto ao homossexualismo, não é uma questão de ser saudável ou não. Sexo pode ser saudável ou não, dependendo de várias fatores que não só a identidade sexual das pessoas envolvidas... Afinal, tem gente que usa o sexo como forma de exibição, ou de intimidação, ou de poder, ou por vício, ou como uma forma de compensar as próprias inseguranças, e não são homossexuais. Não creio que essas sejam formas corretas de se exercer a sexualidade.
Mas com certeza o homossexualismo é normal. Você pode não aceitar (e certas coisas são com certeza inaceitáveis: duas pessoas trocando carícias íntimas e beijos ginecológicos em público são inaceitáveis, sejam elas "hetero" ou "homo" sexuais) como um opção para você, mas que é normal, lá isso é... Alguns cães e gatos são homossexuais, alguns leões e pinguins são homossexuais, e quase todos os tipos de animais, de uma maneira em geral, têm indivíduos com comportamentos homossexuais, então porque os seres humanos não seriam homossexuais? O inaceitável é querer que você também adote comportamentos ou modelos homossexuais, só porque é "muderno". Cada um opta pelo que prefere... Não há como evitar. Agora, ser compelido a adotar um comportamento que não é seu, só porque acham que é o certo, isso sim, é errado, tanto para o heterossexualismo quanto para o homossexualismo.
E me explique uma coisa, cara herege: por que os homossexuais não podem adotar filhos? Afinal, se o nosso comportamento sexual fosse algo que se aprendesse em casa, e não uma condição inata das pessoas (como parece ser o caso), seríamos todos heterossexuais, não é?!...
Um grande beijo,
seu tio Mac

Ana Luiza Paes Araújo disse...

você é mesmo um judeu muito peculiar, Macarrão. Isto é só o que eu posso dizer a respeito das suas considerações neste post.
Quanto ao que você fará com a Quel nos próximos cinco anos, eu não tenho nada com isso!
huaauhauhauauahuah
Brincadeirinha, entendi e concordo com você neste ponto.
Mas nnão escrevi estas linhas par que as pessoas concordassem comigo, a maioria não concorda, mas sim pra externar alguns pensamentos. Só isso.

Cal disse...

Entendo o que você quis dizer a respeito da minha peculiaridade, pois eu professo o judaísmo ortodoxo, mas digamos que nesse caso, o meu judaísmo (significando as minhas crenças culturais e religiosas) fica subordinado a minha consciência (significando a minha noção do que eu acho certo ou errado) e não a minha consciência fica subordinada ao meu judaísmo. Acho que você entende...
E não achei que você pretendesse que as pessoas concordassem com você. Entendo que foi apenas uma tomada de posição. Do mesmo modo que o meu comentário não pretendia ser a favor ou contra as suas opiniões. É apenas uma outra tomada de posição...
Afinal, sem discutirmos as nossas discordâncias nunca chegaremos a nenhum consenso... E é preciso algum consenso para uma participação atuante, não é!?