quinta-feira, 26 de julho de 2007
Manual de mim mesma
Meus amigos sabem que sou uma boboca. Raramente digo não às pessoas que eu amo, quando posso dizer sim, mas jamais prometo alguma coisa que não possa cumprir. Faço tudo que está ao meu alcance, e tenho uma terrível mania de querer agradar e ser bem quista por todos (isso é horrível, eu sei, mas só um psicanalista poderia me ajudar).
Logo, sou uma daquelas pessoas que perdoa quase tudo. Digo quase porque traição é única coisa que me tira do sério (ou que me tira o riso). E a pior personificação da traição é a falta de palavra. Não admito que me prometam algo que não vão ou não possam cumprir. É pior que me dar uma surra. Mas, parece que as pessoas me escolhem - talvez por saberem que sou crédula e que dou crédito a qualquer um - pra me prometerem o que não vão cumprir.
Quando eu tinha seis anos, minha tia me disse que traria uma casinha de bonecas para mim. Ela estava vindo dos EUA. Eu fui buscá-la no aeroporto, louca pela casinha, sonhando com a casinha, e adivinhem só, ela ainda no aeroporto deu a casinha, que havia me prometido, para a afilhada dela e na minha frente. Quando eu ia completar 15 anos, esta mesma tia se juntou com as outras e me prometeram uma festa, me deixaram sonhar e imaginar, e meses antes tiveram o prazer de me dizer que não a fariam. Terminando o ensino médio - disse minha madrinha - vou te pagar um curso pré-vestibular! Ela também não cumpriu.
Terminei assim mesmo o ensino médio, e minha outra tia me disse que pagaria uma faculdade de Direito pra mim, na Cândido Mendes. No último dia da inscrição para o vestibular Uerj ela me disse que não pagaria mais a faculdade. Fui chorando e correndo pro correio mais próximo e fiz a inscrição pra Uerj e passei pra História, olha o mal que ela me fez! (brincadeirinha, os amigos que fiz lá na FFP valeram a pena)
No aniversário do meu pai, em maio, meu padrinho veio aqui em casa e viu as fotografias dos meus inventários de escravos alforriados e, ao saber que minha câmera digital tinha pifado, disse que me daria outra. Espero-a até hoje.
[não falarei das flores, das rosas]
Hoje foi meu pai, que acaba de me dizer que não vai cumprir uma promessa que me tinha feito. Foi a que mais doeu, porque os outros são os outros mas ele é meu pai. Não quero achar que ele é como os outros, que não tem palavra, mas me dói do mesmo jeito.
Parece que as pessoas acham engraçado me prometer coisas que não vão fazer. Só não entendo como é que eu ainda continuo a acreditar nas pessoas.
Então deixo um pedido para todos aqueles que vivem ao meu redor e têm algum contato comigo: Me digam quantos "não's" forem necessários, mas não me traiam, não me prometam coisas que não podem cumprir.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Gafes do presidente, filosofia de vestibulando.
Imagem Gettyimages: National Geographic
ngs41_0370 (Direitos controlados)
Eu estava cá pensando que não postaria nada hoje. Mas acabo de ouvir um discurso de Lula, na apresentação de Nelson Jobim como seu novo ministro da Defesa. Parêntese: esta abundância de ministros do governo Lula ainda vai dar muito trabalho para os futuros estudantes de História do Brasil.
Dentre as gafes cometidas pelo "presidenti" constava: "Nelson Jobim, que é ADEVOGADO [sic],e nem sei se isso é motivo de orgulho, estava parado, desocupado, sem trabalhar... Aí eu resolvi chamá-lo pro ministério, onde ele vai poder mostrar todo o seu potencial".
Vejam, queridos leitores, ele não só desmereceu a profissão de Nelson Jobim, como assumiu que o chamou para o ministério devido a inércia na sua vida profissional. Agora, pode?
Ai, ai...
Aí, minha mãe me mandou um e-mail com aquelas famosas frases de vestibulandos. Uma delas me chamou particularmente a atenção. O gênio em potencial dizia assim: "O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades".
[pausa para risos e ponderações]
É, meu povo!o problema é a superabundância... bundância, no final, é só o que importa nesta terra de canibais.
Informativos internacionais:
Lulas gigantes infestam os mares da Califórnia. Podem medir mais de dois metros e são muito agressivas, segundo os pescadores. Pra variar, a culpa é do aquecimento global. Os monstros marinhos são originários das costas mexicanas, e têm - tal qual a população mexicana - imigrado ilegalmente.
terça-feira, 24 de julho de 2007
Siso, o dente do juízo
Vinte anos e oito meses, e um siso nascendo atrás daquilo que eu pensava ser o siso. Falta de juízo!
A dor é contínua, o incômodo parece tão infinito quanto os problemas dos céus do Brasil. Será que some com um doril? A pista de Congonhas desmorona, e eu sinto dor. Pessoas se espremem nas filas dos aeroportos, e meus dentes são também espremidos entre si para que um outro, um tal siso (que não deve ter juízo), possa chegar e se acomodar.
Já sabia que pensar doía, que a ignorância é o segredo para a felicidade - será por isso que Lula nunca sabe de nada? -, mas não sabia que criar juízo era assim tão doloroso.
Será que resolveria se eu dissesse a este intruso: "Acho melhor você adiar a sua passagem para um momento mais oportuno", ou então, com aquela voz de aeroporto precedida de um sonoro "tu tu", "Perdão senhor dente, mas todas as vagas nesta boca já foram preenchidas"?
Quando o governo vai tomar juízo? Quando vai nascer em Brasília o siso?
A data, talvez, seja tão difícil precisar quanto a do Juízo Final. Mas uma coisa é certa, até nascer, o siso vai doer muito. Porque é muita gente pra pouco saguão, são muitos dentes pra pouca boca, são muitos ministros pra [de] pouco juízo!
sábado, 21 de julho de 2007
Como é que pode?
Durante todos estes dias tenho me privado de escrever sobre o acidente com o airbus da TAM, do caos aéreo e das peripécias do Governo. Mas, depois do pronunciamento do "presidenti", da comemoração do secretário e de ler um livro chamado "De Getúlio a Castelo", de Tomas Skidmore, me deu vontade de perguntar: Como é que pode?
Como é que pôde Getúlio mandar e desmandar, converter adversários em aliados, depois de ditador voltar eleito, ser indicado candidato à presidência da república por dois partidos ao mesmo tempo e, ainda depois de eleito senador pelo PSD ajudar a criar e incentivar a população a votar no PTB? (não necessariamente nesta ordem) Como é que pode?
Como é que pode uma crise aérea durar 10 meses, tendo havido um grave acidente, e serem necessárias as mortes de quase 200 pessoas pro "presidenti" resolver se pronunciar e tomar as medidas que ele acha cabíveis?
Como é que pode, pessoas comemorarem um defeito técnico no avião, defeito este que causou as mortes de quase 200 brasileiros, só porque este aliviaria a barra do governo? Onde está a humanidade?
Como é que pode? Como é que pode?
Os brasileiros não mudam? Como é que pôde Lula ser reeleito? Viva a Democracia! Deve ser por isso que tem gente por aí - não me incluo nisso - que acha que democracia é coisa do "DEMO".
A pergunta fica: Como é que pode?
E quando me pareceu que nada poderia tirar o foco do "presidenti", quando eu comecei a achar que o "como é que pode" só cabia à Lula (e aqui entendamos LULA como um molusco mesmo, daí a crase)um fato rouba a cena: Morreu Antônio Carlos Magalhães. Como é que pode? O que será da Bahia? Diante disto os meus "como é que pode" e as minhas palavras silenciam.
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Paola pensando: Como é que pode?
Como é que pode eu nunca ter visto um anão preto na rua, de perto? Será que só pânico na TV tem um anão negro? Será que os anões são racistas? Será que na televisão eles pintam os anões? Como é que pode??
Desde que meu preofessor me questionou se havia filhotes de pombos na rua, eu fiquei incucada. Alguém aí já viu???
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Ana Luiza e Vicente conversando (com um globo terrestre nas mãos):
AL: irmão, tô olhando aqui no globo e percebi que se os portugueses tivessem saido em linha reta chegariam na América de fato, perto de NY. Como é que pode?
V: Você já ouviu falar que português é burro???
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Batuque na cozinha
10/7/2007
Na versão de Sinhá Moça do MP da Bahia, os escravos nunca apanhariam
O Ministério Público da Bahia denunciou a Rede Globo, que exibiu a novela Sinhá Moça, por racismo. As cenas de açoitamento de Sinhá Moça, segundo o promotor Almiro Soares Filho, feriam a dignidade da pessoa negra, minando o auto-respeito e a auto-imagem dos descendentes dos escravos. Para defender os negros, o promotor eliminaria os abusos sofridos por eles. Na novela idealizada pelo MP da Bahia os escravos nunca apanhariam. Independentemente da verdade histórica. A igualdade racial jamais será conquistada com a impostura e desonestidade intelectual. Isso vale tanto para o caso do professor Paulo Kramer como para a novela da Globo.
Diogo Mainardi (Colunista da Revista Veja)
Gente! O que é isso? O que mais eles querem? Na minha mente infantil, na única analogia possível, só consigo comparar o Movimento Negro àqueles dois ratinhos que vivem a querer dominar o mundo: Pink e Cérebro. Parece ridículo usar desenhos animados para ilustrar pensamentos, mas nada é mais ridículo do que este "Lado Negro da Força". E o que me deixa mais indignada é saber o que agora sei. Neste domingo passado fui à casa da minha tia avó para almoçar, mas com a verdadeira intenção de fazer mil perguntas sobre os membros da família que não cheguei a conhecer (sou temporão) e para tal fui com um gravador em punho e comecei as perguntas. Eu achava que era negona, ora eu preciso passar alisante no cabelo e isso sempre me pareceu prova bastante da minha origem também afro, mas dei com os burros n'água. Depois de muita conversa, pude perceber que não existe negro "puro" na família, na verdade, o que sempre houve foi mistura de português com mulatos (que eram geralmente filhos de outros mulatos com portugueses). Ou seja, nenhum preto tipo "A". Fiquei triste, sinceramente, pois o meu plano de requerer as terras do Cezar Palace (no Leblon) me dizendo um remanescente quilombola foi pelo ralo. Se olharem minha árvore genealógica, vão perceber que sou uma fraude.
Fraude sou assim como todo brasileiro o é. Assim como os baianos são. Ninguém tem pedigree neste país. Certa vez, numa aula de Antropologia, eu disse a professora que o Brasil era um país de vira-latas, e ela quase teve um ataque, mas é isso mesmo, Joana Bahia que me desculpe. Todos somos misturados. Até mesmo os descendentes de europeus que aqui vivem, porque é um tal de alemão que casa com italiano, neste pais há um vuco-vuco de nacionalidades que não pára.
Agora ainda tem essa, os caras do "movimento" estão querendo esquecer que os escravos apanharam e sofreram, estão querendo esquecer a sua história. E é por esta droga de história do negro que eles estão obrigando a nós, professores de história, a estudarmos história da África (e me pergunto o que mais tem na história da África que não seja guerras e escravizações sucessivas e cíclicas entre os povos daquele continente, que não aprenderam a escravizar-se com os "brancos") para que o "negro" brasileiro tenha do que se orgulhar. Ora, não é o negro brasileiro um brasileiro antes de ser negro? E sendo brasileiro, não tem ele uma história nacional da qual possa se orgulhar ou se envergonhar como qualquer outro cidadão seja ele da cor que for? Se não for assim, vamos ter que fazer a história dos judeus, sem poder falar no holocausto, teremos de ensinar a história dos chineses, coreanos, japoneses, turcos, árabes, italianos, alemães, ou seja, de todos os povos que se fazem presentes hoje no Brasil e que aqui fizeram descendência, mas sem nunca poder falar dos episódios tristes das histórias deles. Isto é um absurdo! Uma mixórdia, como gosta de dizer meu tio Jorge. O que é isso minha gente? Onde está o bom senso? Em nome desse esquecimento dos abusos da escravidão, terá a historiografia brasileira que ficar ESCRAVA de uma memória produzida? Estaremos nós sendo censurados?
Imagem:www.gettyimages.com
segunda-feira, 16 de julho de 2007
Luiz Vaz de Camões
Glosa: Composição poética que desenvolve o sentido de um mote dado ou escolhido, e que termina em cada uma de suas estrofes com um dos versos do mote.
Hoje eu estava a ler um livro do José Saramago intitulado "Que farei com este livro?". É uma peça teatral que conta a história de Luiz Vaz (de Camões) quando do seu regresso à Lisboa depois de ter passado dezessete anos na Índia, e dos seus incessantes esforços para publicar o seu livro, Os Lusíadas. Camões voltou pobre da Índia, e pobre permaneceu até a sua morte. Mas, o que me fez parar durante a leitura foi um pedido que Dona Francisca de Aragão - uma dama da rainha e antigo amor de Camões - fez ao poeta. Abaixo transcrevo o trecho da peça no qual ela faz o pedido, e outro onde ele lê as glosas.
FA (Francisca de Aragão)
LC (Luís de Camões)
FA: Enamorai-vos. Não terá de dar mais quem der o amor.
LC: Não é nas grandes fogueiras que mais nos queimamos. Dessas, fugimos. É no lume que julgávamos apagado.
FC: Todos nos queimamos. Também eu amei outros homens, e muito a cada um. É a minha natureza. E este tempo de hoje sei eu que não será diferente daquele em que fui amada por vós, se o que meu coração sentir for igual.
LC: É igual?
FA: Amanhã o saberei. O tempo irá dizer.
LC: Olhai bem, Francisca. Não vamos fugir a cuidados.
FA: Mas porém a que cuidados? (reflete)Aí tendes. Glosai-me este mote.
LC: Que mote?
FA: "Mas porém a que cuidados?" Pelas glosas que dele fizerdes saberei se me ireis ter amor.
Mas porém a que cuidados?
Tantos maiores tormentos
Foram sempre os que sofri,
Daquilo que cabe a mi,
Que não sei que pensamentos
São os pera que nasci.
Quando vejo este meu peito
A perigos arriscado
Inclinado, bem suspeito
Qua a cuidados ou sujeito.
Mas porém a que cuidados?
Glosa segunda ao mesmo.
Que vindes em mi buscar,
Cuidados, que sou cativo?
Eu não tenho que vos dar.
Se vindes a me matar.
Já há muito que não vivo.
Se vindes porque me dais
Tormentos desesperados,
Eu, que sempre sofri mais,
Não digo que não venhais.
Mas porém a quê, cuidados?
Glosa Terceira ao mesmo.
Se as penas que Amor me deu
Vêm por tão suaves meios,
Não há que temer receios,
Que vale um cuido meu
Por mil descansos alheios.
Ter nuns olhos tão formosos
Os sentidos enlevados,
Bem sei que em baixos estados
São cuidados perigosos.
Mas porém, ah! que cuidados!
Trechos estraídos de José Saramago, O que farei com este livro?
Imagem: gettyimages
Fugindo de Cuba
Um dos titulares da seleção cubana de handebol, Rafael da Costa Capote, fugiu da vila panamericana esta semana. Fugiu mesmo. Tomou um táxi até São Caetano do Sul - SP, e pagou R$600,00 pela corrida. O que me leva a crer que a vontade do atleta era realmente usar a vinda ao Rio de Janeiro, para o panamericano, como uma boa oportunidade de tentar a vida num time de São Paulo, como já o tinha feito um amigo e como ele próprio declarou. Em entrevista ao Jornal Nacional, o cubano disse que foi para São Caetano do Sul pois lá teria mais oportunidades de crescer profissionalmente que em Cuba. Óbvio, não é?
O que me deixa boba é ver pessoas, como o meu próprio pai, que ainda acham que Cuba é o paraíso na terra. Este rapaz me lembrou um escravo que insatisfeito com o seu senhor fugiu para um outro plantel em busca de um "cativeiro mais digno". E ele não é o único atleta cubano no time Paulista.
A vida desses moços devia ser mesmo muito difícil. Nenhum atleta deixa o sonho de uma medalha e embarca num táxi de um Estado a outro - o que mostra o desespero ou a falta de informação - a troco quaisquer outras coisas que não sejam motivos de força muito, muito maior.
Fidel não "cai", como costuma dizer a esquerda, mas já não seduz e domina seu rebanho como antes. E, até que o fim chegue, o rebanho vai diminuindo se as ovelhas continuarem a se desgarrar.
Imagem:gettyimages
À Flor da Pele
Como bem disse Zeca Baleiro, ando à flor da pele. Choro por qualquer coisa, acho outras tantas coisas engraçadas...
Não vejo motivos racionais pro meu pranto ou pro meu riso. Há pouco resolvi o problema com um "charge",chocolate sempre ameniza os problemas, mas nunca os resolve. Tenho me
segurado em Deus, e tem sido muito bom. Mas não sei lidar com as minhas variações de humor. Isso é muito louco. Acho que preciso de um analista. Se algum psiquiatra competente passar por este blog, é favor deixar o telefone e endereço do consultório.
Imagem: gettyimages
sábado, 14 de julho de 2007
História do meu primeiro porre
Nunca beba com um sociopata!
Era uma casa estranha e, pra variar, eu era a mais sóbria. Resolvi que tinha muitas mágoas e precisava esquecê-las. Vi a garrafa de um vinho caro que tinha levado para dar de presente ao anfitrião, mas pensei: ele não a merece, já está bêbado com cerveja, vou te beber sozinha. Fui até a garrafa, peguei também uma taça. Era um vinho branco suave, tão doce que parecia incapaz de embebedar qualquer um, até mesmo eu, e de fato o era não fosse a má companhia que escolhi. Me dei conta que de frente para mim estava ele, de perfil, sorrindo, lindo, com aquela cara bonita de todo cafajeste. Não resisti, decidida a deixar as nossas diferenças de lado, chamei-o para beber comigo e ele aceitou. Foi assim que cheguei ao meu primeiro porre, não por causa do vinho, não foi aquela maravilhosa e doce bebida de uva que embriagou, foi a companhia dele, Che Guevara. O pior companheiro de copo que uma pessoa pode escolher, ainda que ele se faça presente somente na forma de um calendário cubano.
Imagem: gettyimages
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Sabedoria, de Cartola à D. Nair
Lamento não ter uma fotografia da minha saudadosa avó, Dª Nair Borges de Araújo. Foi uma mulher tão forte quanto o seu nome. Mas não vou aqui escrever uma mini-biografia dela, o que é uma pena. É que hoje, ao lado de uma das pessoas que mais amo, lembrei de algumas frases dela. Vovó era muito sábia, apesar de sua pouca instrução, e apesar também de suas frases serem popularmente conhecidas e repetidas - por não serem de autoria própria - na boca dela pareciam ter um sentido muito mais interessante e uma aplicabilidade muito maior. Algumas ainda são repetidas por aí: "Quem come e guarda, come duas vezes", "Ouça mais do que fale, você tem dois ouvidos e uma única boca", "não há mal que sempre dure ou bem que nunca acabe"... Frases conhecidas e bobas, mas que na voz dela pareciam muito mais sábias.
Aí, pensando nos ensinamentos dela quanto à paciência e quanto às poucas palavras (quando em dizia que devia ouvir mais que falar) me lembrei, por ocasião de uma conversa, de uma musica de Cartola na qual, ao falar à sua mulher de um antigo amor, ele diz que vai calar para não magoá-la. Aí pensei na vovó e no que me dizia sobre a matemática do corpo, sobre ter mais ouvidos que boca. Muitas vezes calar é o melhor podemos fazer, o desespero e a impetuosidade só nos leva à atitudes desastrosas, a calma e a temperança por sua vez nos recompensa, ora, quem come e guarda, realmente, come duas vezes...
Certa vez, num engarrafamento terrível na Contorno, eu resolvi descer do ônibus e ir a pé achando que seria mais rápido. Aí, depois de muito andar, um senhor me gritou de dentro de um ônibus e me mandou subir. Eu entrei no ônibus e sentei ao lado dele, no primeiro banco, ele era o cobrador. Aí ele começou a me contar uma história, sem me perguntar se eu queria ouvir, parecia que era o pagamento pela carona e até o motivo da carona. Ele queria me ensinar os malefícios do desespero. E me contou como perdeu um excelente emprego de pintor de uma casa psiquiátrica por causa do desespero. Eu achei que tinha aprendido a lição, comecei a tentar colocar mais vezes em prática a temperança. Mas, humana que sou, na primeira vez que meu coração doeu me desesperei novamente - e quando me desespero costumo escrever textos terríveis que só fazem mal aos que escolho para ler - e magoei a quem eu só quero fazer feliz.
O desespero é assim, devastador. Falar demais, como me ensinou a minha avó, só atrapalha, é muito mais lucrativo ouvir e saber calar nas horas certas como bem dizia ao sábio poeta.
Aí, pensando nos ensinamentos dela quanto à paciência e quanto às poucas palavras (quando em dizia que devia ouvir mais que falar) me lembrei, por ocasião de uma conversa, de uma musica de Cartola na qual, ao falar à sua mulher de um antigo amor, ele diz que vai calar para não magoá-la. Aí pensei na vovó e no que me dizia sobre a matemática do corpo, sobre ter mais ouvidos que boca. Muitas vezes calar é o melhor podemos fazer, o desespero e a impetuosidade só nos leva à atitudes desastrosas, a calma e a temperança por sua vez nos recompensa, ora, quem come e guarda, realmente, come duas vezes...
Certa vez, num engarrafamento terrível na Contorno, eu resolvi descer do ônibus e ir a pé achando que seria mais rápido. Aí, depois de muito andar, um senhor me gritou de dentro de um ônibus e me mandou subir. Eu entrei no ônibus e sentei ao lado dele, no primeiro banco, ele era o cobrador. Aí ele começou a me contar uma história, sem me perguntar se eu queria ouvir, parecia que era o pagamento pela carona e até o motivo da carona. Ele queria me ensinar os malefícios do desespero. E me contou como perdeu um excelente emprego de pintor de uma casa psiquiátrica por causa do desespero. Eu achei que tinha aprendido a lição, comecei a tentar colocar mais vezes em prática a temperança. Mas, humana que sou, na primeira vez que meu coração doeu me desesperei novamente - e quando me desespero costumo escrever textos terríveis que só fazem mal aos que escolho para ler - e magoei a quem eu só quero fazer feliz.
O desespero é assim, devastador. Falar demais, como me ensinou a minha avó, só atrapalha, é muito mais lucrativo ouvir e saber calar nas horas certas como bem dizia ao sábio poeta.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Cabelos ao alto! perdeu, perdeu!
Terça, 3 de julho de 2007, 18h21
Jovem que teve cabelo roubado: perdi parte de mim
Cláudio Dias
Direto de Araraquara
Camuflada atrás de uma cortina branca de pano e mostrando apenas os pés dentro da pequena sala da casa, a comerciária Simone Regina Penteado, 19 anos, aceitou falar pela primeira vez sobre o assalto sofrido no domingo. Ela foi rendida por um casal que roubou quase 90 cm do cabelo quando voltava da igreja em Araraquara, no interior de São Paulo. "Estou com receio de sair na rua, tanto pela violência do assalto, mas também por ter perdido uma parte de mim, o cabelo que eu nunca havia cortado na vida", diz a jovem evangélica.
Caros leitores, esta notícia me espantou. Não por ser uma moça evangélica, e aparentemente muito tradicional. Meu espanto se deve aos novos alvos da cobiça alheia. Invejar um belo cabelo já é coisa muito feia, roubar então. Gente, isso é quase um estupro! A menina nunca tinha cortado o cabelo...
O melhor do meu blog, como eu sempre digo, está nos comentários dos meus leitores. Então, abro a discussão e deixo vocês falarem.
Parece atual?
"Sobre este corpo anêmico, atrofiado, balofo, tripudiam os políticos. É
a única questão vital para o país - a questão política. Feliz ou
infelizmente, não há outro problema premente a resolver: nem social,
nem religioso, nem internacional, nem de raças, nem de graves casoseconômicos e finaceiros. Somente a questão política, que é a questão dos homens públicos. Há-os de todo o gênero: os inteligentes, os sagazes, os estúpidos, os bem-intencionados (dantesca multidão), os que a sorte protege como nas loterias, os efêmeros, os eternos. É o grande rebanho que passa, de que falava Nietzche. De vez em quando surge uma individualidade, ou nascente ou já sacrificada pela incomensurável maioria: os nomes dessas exceções, de raros, acodem logo ao bico da pena, mas de fato e desde muito,
estão desaparecendo rapidamente os que possuíam, na expressão dos
historiadores românticos, "o magnetismo da personalidade" ".
Retrato do Brasil.
Paulo Prado. Década de 1920.
Imagem: www.gettyimages.com
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Butterfly
"Spread your wings and prepare to fly
For you have become a butterfly
Fly abandonedly into the sun"
Butterfly
Quão maravilhosa seria a vida se, sem responsabilidades, tomássemos posse da benção que se chama ignorância. Quão felizes seriam os homens se conseguissem viver plenamente a felicidade, que nada mais é que um curto e fugas estado de espírito, sem se “pré-ocuparem” com as desgraças do por vir.
Seria como viver num mundo encantado, onde pudéssemos correr atrás de lindas borboletas, nos sentindo tão leves e livres quanto elas. Neste mundo a gravidade não existe, nem o juízo, nem a culpa, nem a dor. Por isso, ele só existe no plano das idéias, na minha imaginação.
As belas borboletas são reais e, apesar da sua beleza nobre, se fazem presentes em qualquer casa onde exista um jardim por mais humilde que seja. Esses dias mesmo, numa situação muito adversa, desliguei-me do mundo ao me deparar com uma belíssima borboleta azul e preta. Parecia que nada mais existia, só ela, ali, graciosa...
Não entendo bem esta minha fixação por borboletas, talvez algum bom psicanalista possa me explicar, se um dia eu procurar algum...
domingo, 1 de julho de 2007
Coletivo de folhas é caderno
Indo pra Igreja
Vicente: Que vento chato, gelado!
Ana Luíza: Ai, menino, você reclama de tudo heim. E isso é porque você ainda não tem mulher, o dia que você arrumar uma vai ver o que é uma coisa chata de verdade.
Vicente: Alá maninha,um balão. Essas crianças... quem é o monstro que põe um balão no alto com um vento desses? Alá, o fogo lambeu o balão! Olha a buchinha caiiindo...
Ana Luiza: Tomara que a bucha não caia na cabeça de ninguém né irmão?! Ela ta acesa.
Vicente: Tomara que não caia é numa pilha de folhas secas. Pilha de folhas? Que horrível isso! Maninha, qual o coletivo de folhas?
Ana Luiza: Ah! Sei lá Vicente! Será monte?
Vicente: Não, caderno! Coletivo de folhas é caderno.
Voltando da Igreja
Vicente (deu sinal prum ônibus)
Ana Luiza: Naaaaaaaao. Ainda não encontrei o Riocard. até eu achar dentro do ônibus já terei que descer.
Vicente: ô coisa, olha aqui (mostrou-me uma nota de cinco reais). Po! já era pra eu estar em casa.
Ana Luiza: exageraaaaaaado. Tá, vamos até a outra esquina pegar o 56.
Vicente: Pra pegar o 56, eu prefiro ir a pé. Neves tem um palmo. Do ponto de 56 até lá em casa são só quatro dedos e uma unha!
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