Venho de famílias dominadas por mulheres. Elas sempre falam mais alto, sempre dão as ordens, são sempre as donas da primeira e da última palavra. Depois de 21 anos de atenta observação, a partir da minha experiência familiar, acho mesmo que poder devia ser uma prerrogativa exclusivamente masculina. Há quem diga que mulheres no poder não fazem guerra, mas o que essa gente entende por guerra? Existe coisa mais desesperadora que mulheres falando juntas, alto e sem parar? Mulheres são seres enlouquecedores. Esses dias me peguei pensando: "o que faz uma mulher se apaixonar por outra e escolher viver com ela?". Imagine se as duas tiverem TPM ao mesmo tempo? Impensável!
Sou uma mulher conformada com a minha condição de ser irritante, apesar de muito interessante. Por que a ciência perde tanto tempo estudando os macacos, se pode se concentrar nas mulheres? Neste momento deve haver muitas mulheres injuriadas com estas linhas, mas este é um espaço de opiniões politicamente incorretas.
Nem sei porque estou escrevendo isto. Acho que é porque passei muito tempo com a minha mãe e minha tia hoje - ambas de TPM.
Caros leitores, perdoem-me por um texto tão sem pé nem cabeça, texto que não tem nenhum compromisso com a literatura não passando apenas de um desabafo.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
domingo, 23 de dezembro de 2007
O natal inventado
Oh vem, oh vem, Emanuel!
Redime o povo de Israel,
Que geme em triste exílio e dor
E aguarda, crente, o Redentor!
Dai glória a Deus! Emanuel
Virá em breve, oh Israel!
Oh vem, Rebento de Jessé,
E aos filhos teus renova a fé;
Que o diabo possam derrotar
E sobre a morte triunfar!
Dai glória a Deus! Emanuel
Virá em breve, oh Israel!
Oh vem aqui nos animar
E nossas almas despertar;
Dispersa as sombras do temor
E as nuvens negras dp terror.
Dai glória a Deus! Emanuel
Virá em breve, oh Israel!
(Hinário Luterano)
Ele veio, Emanuel veio. Atendeu ao clamor de seu povo, se fez homem, foi humilhado e morto. Sem culpa de nada, tudo sofreu. Sem consciência de tudo, o rejeitaram e o mataram. Mas não é culpa dos judeus daquela época a sua incredulidade e injustiça. Antes de serem judeus, eram homens. O ser humano não sabe mesmo retribuir amor com amor, justiça com justiça, carinho com carinho, gratidão com gratidão, fidelidade com fidelidade. Quando alguém nos ama muito, nos sentimos maiores, mais fortes, mais poderosos e com a sensação de que temos um servo a nosso dispor. Quando alguém nos é fiel, achamos que ele se torna incapaz de fazer qualquer coisa que nos desagrade, e pior, achamos que não precisamos fazer a manutenção desta fidelidade. Quando estamos "por cima", tendemos a acreditar que não vamos cair e que todos os que estão em baixo, abaixo ou por baixo são menores e inferiores. O ser humano é vil e mau por natureza, é por natureza pecador. Estamos sempre insatisfeitos, e somos incapazes de dar importância às coisas pequenas e fundamentais. Andamos em direção ao precipício. A humanidade está em franco declínio, caminhamos para a morte eterna. A única salvação está em Emanuel, no redentor, no consolo, na esperança. Mas, humanos que somos, ainda assim ignoramos a salvação e continuamos pedindo "oh vem Emanuel". Mas o Emanuel de muitos é o dinheiro, o poder, a bebida, as dorgas, os prazeres, as coisas corruptíveis e fugazes. Quantas pessoas estão hoje, neste momento, enfrentando filas e shoppings lotados para levarem a salvação do seu próprio Emanuel pra casa? Quantos natais inventados serão comemorados amanhã? Quantas famílias que não se falam o ano inteiro irão se reunir para celebrar alguma coisa que nem sabem o que é, com a simples intenção de trocar presentes? Quantos Emanuéis nós inventamos ao longo deste ano? Firmada em quê esteve a nossa esperança?
São muitas perguntas e uma só resposta: precisamos lembrar o motivo do natal e aceitar a salvação da páscoa.
Páscoa? Ah! vai me dizer que você ainda acha que coelho põe ovos, e de chocolate?
Desejo a todos os meus leitores um natal verdadeiro, abençoado pelo Espírito Santo, e que todos possam comemorar a vinda de Emanuel, o messias.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
As belezas do Rio Antigo
O centro do Rio de Janeiro esconde lugares românticos, quase parisiênses, que vez ou outra se nos apresentam. Na última sexta-feira, depois da SEMIC (Semana de Iniciação Científica) as meninas e eu resolvemos sair pra almoçar no SAARA. Depois fomos a pé até às Barcas. Chegando na Praça XV a Priscilla nos levou numa rua, um beco, onde tinha um sebo que ao mesmo tempo era um café e uma choperia. Um lugar lindo, quase europeu, o Rio antigo tem isso de bom, qualquer um se sente lindo ali. As meninas pediram um chop e a Pri sacou a câmera digital e passou a fotografar tudo o que via, inclusive eu. Foi uma tarde agradabilíssima, num lugar maravilhoso, em companhias muito agradáveis. é por estas pequenas coisas e por estes precisos lugares escondidos que chamam isto aqui de cidade maravilhosa, uma cidade que por mais explorada que seja sempre nos reserva agradáveis surpresas.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Sagrado Coração
O ano letivo está acabando, começam as ofertas de currículos por parte dos professores. Eu, uma “aspira”, fui nesta manhã deixar alguns pelas escolas pelas quais passava. A segunda na qual entrei era uma instituição católica de ensino chamada “Colégio do Sagrado Coração”. O lugar é lindo, apesar de se situar no centro de São Gonçalo. A primeira pessoa que vi foi uma freira de sorriso cândido – sempre tenho a impressão que todas elas aprendem a sorrir de maneira igual nos conventos – e rosto mimoso. Me dirigi à secretaria e perguntei: “Posso deixar aqui o meu currículo?”. Uma mulher de voz impaciente, que ficava atrás de um vidro espelhado de maneira que não era possível ver seu rosto, me disse: “Pode, mas escrava no currículo a sua religião”. Achei a exigência não só sem propósito, mas ameaçadora. Pela primeira vez na minha vida me senti perseguida, ameaçada ou discriminada. Ou, pelo menos, prestes a ser vítima destas coisas. Fiz uma vaga idéia do que os judeus e os muçulmanos sofrem por aí, e até mesmo aqueles cristãos que morrem na janela 10:40. Perguntei com a voz trêmula, mas num tom irônico: “é quesito eliminatório?”. A mulher de voz impaciente me respondeu impacientemente: “Não. É só pra saber”. Independente do que ela respondesse – apesar de eu ter feito a primeira comunhão quando criança – eu não daria outra resposta senão a que dei. Escrevi no topo da folha “Protestante – Igreja Evangélica Congregacional”.
Saí de lá achando que aquilo era um absurdo, talvez devesse ser até inconstitucional. Onde já se viu? Vivemos numa democracia, num país livre e capitalista onde as pessoas deviam ser contratadas pelas suas competências e não fazer processos seletivos onde a religião fosse um fator eliminatório. Depois, continuando a pensar no episódio me perguntei: “Por que será que não perguntaram também a minha opção sexual? Ou se eu era a favor do aborto, dos métodos anticoncepcionais ou mesmo do uso da camisinha?”. A resposta logo me veio. Eles não podem perguntar a opção sexual porque isto poderia implicar num processo de preconceito. Sabemos como as minorias – que já são quase maioria – se unem e punem. Eu dou aula de história e não de religião. Não faz sentido que a minha religião seja item constante do meu currículo, ainda que seja para uma instituição católica e privada. Mas espero sinceramente que a religião não seja um quesito eliminatório, porque me agradou muito o aspecto físico do lugar.
domingo, 21 de outubro de 2007
Indiana Jungle Tour
Santa Teresa é um lindo bairro carioca. Há por lá tantos turistas que por vezes me sinto uma estrangeira na minha própria cidade. Ainda conserva belíssimas construções datadas do século XIX. Mas o progresso trouxe as favelas. Santa Teresa, com suas famosas ladeiras de paralelepípedos e seus bondinhos históricos convive com o Morro dos Prazeres e uma série de outras comunidades carentes. Esses dias, passando por lá, vi um carro (desses jipes - sei lá se é assim que se escreve - que transportam turistas) pertencente a uma agência de turismo que me chamou muito a atenção. O adesivo colado ao carro dizia "Indiana Jungle Tour", e dentro iam vários turistas com suas imensas câmeras fotográficas em direção à entrada do Morro dos Prazeres. Na verdade é isto mesmo, um safári. É esta a imagem que o turismo propõe das favelas cariocas. E somente turistas com instinto de Indiana Jones têm coragem para tanto.
domingo, 7 de outubro de 2007
Sou cotista, não sou racista.
Sou cotista. Ingressei na Universidade do Estado do Rio de Janeiro em abril de 2004. Todo universitário que ingressa pelo sistema de cotas é de pronto beneficiado por uma bolsa de seis meses, que sempre é renovada por mais seis. Durante este um ano ficamos literalmente “mamando nas tetas do governo”, uma vaca premiada! Recebíamos míseros R$ 190,00 mensais, e não precisávamos fazer nada para justificá-lo, enquanto quaisquer outros alunos não-cotistas e também bolsistas trabalhavam as suas 20h semanais, prestavam conta de sua produção científica em relatórios e recebiam os mesmo R$190,00 mensais. Aí me pego pensando: será que esta é mais uma prática de reparação? Será que por ter antepassados afrodescendentes escravizados pelos eurodescendentes, eles querem agora que a galera da melanina acentuada não precise trabalhar pra receber e que os “branquelos” vão pro eito? Isto já era um absurdo no início, mas a coisa foi piorando. Há pouco mais de um mês um amigo me disse que meu nome estava numa lista para receber uma bolsa de incentivo à graduação (BIG), paga pela FAPERJ. Achei muito estranho que selecionassem uma formanda, bolsista de iniciação cientifica do CNPq, que já recebeu ajuda de custo por ser cotista durante o primeiro ano de faculdade, para ainda receber uma bolsa da FAPERJ. Desta vez eu teria que trabalhar, mas o absurdo ainda está por vir. O negócio é o seguinte, parece que daqui para frente, para ser bolsista será necessário ser cotista. Cada professor tem direito a três bolsas BIG, no valor de R$214,00, que só podem ser concedidas a cotistas. Isto é um absurdo. Bolsa sempre foi uma questão de merecimento, talento, mas passou a ser esmola. E muitos cotistas - os inteligentes, esforçados, merecedores – já são bolsistas de projetos de professores há tempos. Como não se pode acumular bolsas, o que tem acontecido é que não se conseguem cotistas o suficiente para preencher as vagas de bolsas BIG oferecidas. Por outro lado, alunos não-cotistas que moram distante, que não têm emprego, que vêm de famílias pobres, que precisam muito de míseros R$214,00, não podem preencher as vagas ociosas dos cotistas. Isto é racismo, é irascível, é cruel. Eu sou cotista porque descendo de negros (por parte de pai), mas ninguém levou em consideração os meus bisavós portugueses (por parte de mãe). Todos nós somos meio africanos, meio europeus, meio indígenas, e por aí vai. Sou cotista, mas não vão me tornar racista, nazista. Estou aqui tomando as dores dos brasileiros de todas as cores que entram legitimamente numa universidade pública estadual e mesmo merecendo têm o seu direito à recompensa de seu talento negado por uma cambada de idiotas racistas que, infelizmente, estão mandando neste país.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Minha filha, namore os livros!
Minha mãe sempre me dizia que o melhor partido era a minha carreira, e que eu devia namorar os livros. Sempre achei que isto era metáfora, mas agora, olhando para a minha cama e vendo a quantidade de papel e de livros que está sobre ela, percebo que entendi o conselho da minha mãe de forma literal. ou seja, eu estou literalmente dormindo com os livros. Não sei se isso se deve a escassez de homens disponível e de bom currículo neste mundo, ou se é simplesmente culpa minha. É que eu tenho por hábito entender as metáforas literalmente e achar que as coisas literais são metáfora. Ai meu Deus! Agora eu entendo... não é um problema de falta de homem, mas um problema com figuras de linguagem. Eu sabia que não devia pegar tantas eletivas nos cursos de Literatura. Mas já que estou nisso, e agora que descobri o "x" da questão, posso me tornar menos exigente se trocar as metáforas por metonímias. Assim poderei tomar a parte pelo todo, e um homem que tenha apenas belas pernas irá me satisfazer plenamente.
Acho que estou perdendo a cabeça. Isso foi uma metáfora, não foi?
Acho que estou perdendo a cabeça. Isso foi uma metáfora, não foi?
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Ontem Ao Luar
Compositor: Catúlo Da Paixão Cearence/ Pedro Alcântara
Ontem ao luar
Nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste
O que era dor de uma paixão
Nada respondi
Calmo assim fiquei
Mas fitando azul do azul do céu
A lua azul e te mostrei
Mostrando a ti dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunto ao luar travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
pergunto ao luar do mar a canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte a beira mar ao luar
Ouve a onda sobre a areia lacrimar
Ouve o silêncio a falar da solidão
De um calado coração
A penar a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal a dor silente universal
E a dor maior que a dor de Deus
Se tu queres mais
Saber a fonte dos meus ais
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação
Busca saber qual a razão
Porque ele vive assim tão triste a supirar
A palpitar em desesperação
Na queima de amar um insensível coração
Que a ninguém dirá no peito ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro fatalmente o levará
Compositor: Catúlo Da Paixão Cearence/ Pedro Alcântara
Ontem ao luar
Nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste
O que era dor de uma paixão
Nada respondi
Calmo assim fiquei
Mas fitando azul do azul do céu
A lua azul e te mostrei
Mostrando a ti dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunto ao luar travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
pergunto ao luar do mar a canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte a beira mar ao luar
Ouve a onda sobre a areia lacrimar
Ouve o silêncio a falar da solidão
De um calado coração
A penar a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal a dor silente universal
E a dor maior que a dor de Deus
Se tu queres mais
Saber a fonte dos meus ais
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação
Busca saber qual a razão
Porque ele vive assim tão triste a supirar
A palpitar em desesperação
Na queima de amar um insensível coração
Que a ninguém dirá no peito ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro fatalmente o levará
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Bienal
Primeiro peço desculpa pelo meu silêncio, os tempos não estão para escrever.
Nossa vida é um constante afogamento, mas há momentos em que entramos em bolhas e podemos respirar. Ontem encontrei uma destas bolhas, a bienal do livro. Foi muito bom sair de casa e ir para lá naquelalonjura - o Rio Centro - e ver pela primeira vez o que é uma bienal. Ri muito, encontrei vários amigos, e, como fui no último dia, comprei livros muito abaixo do preço. No total, trouxe 9 livros pra casa! Voltei mais feliz, eufórica com minhas compras. Mulheres fúteis ficam histéricas com compras num shopping, mulheres como eu ficam malucas quando podem comprar 9 livros sem gastar muito.
Pena que, como ja diz o nome, a bienal só acontece de 2 em 2 anos.
Nossa vida é um constante afogamento, mas há momentos em que entramos em bolhas e podemos respirar. Ontem encontrei uma destas bolhas, a bienal do livro. Foi muito bom sair de casa e ir para lá naquelalonjura - o Rio Centro - e ver pela primeira vez o que é uma bienal. Ri muito, encontrei vários amigos, e, como fui no último dia, comprei livros muito abaixo do preço. No total, trouxe 9 livros pra casa! Voltei mais feliz, eufórica com minhas compras. Mulheres fúteis ficam histéricas com compras num shopping, mulheres como eu ficam malucas quando podem comprar 9 livros sem gastar muito.
Pena que, como ja diz o nome, a bienal só acontece de 2 em 2 anos.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
As voltas que a vida dá
Por vezes me pergunto se é o homem quem faz o meio ou o meio quem faz o homem. Meu pai – que sempre se quis sábio – repete aos quatro ventos que quem é bom nasce feito, e que boa índole não se aprende, nasce-se tendo ou não. Não concordo com ele. Acho que a boa educação pode resolver quase tudo. Há um versículo bíblico que diz: ensina a criança no caminho em que deve andar, e quando crescer não se desviará dele. Estes dias perdi um amigo. Não para a morte, mas para a criminalidade, que é uma morte muito pior. Aí fiquei pensando novamente nesta disputa naturalismo x realismo. Fiquei pensando qual foi o motivo, o que o levou a entrar nesta vida, e até coloquei a culpa no meio onde ele estava inserido. Mas a verdade é que morar no morro não é prerrogativa para ser bandido, e que o sistema não é culpado pelo desvio de caráter das pessoas. Ser pobre não é justificativa para cometer crimes, violência, ou para rebeldia.
Ele era um menino maravilhoso, e sei que ainda é. Mas a vida é cheia de caminhos tortuosos pelos quais nos deixamos enveredar por diversas vezes. Mas nunca é tarde para voltar atrás, e espero que, assim que ele pagar o que deve à sociedade, volte aos bons caminhos os quais um dia deixou.
Me sinto culpada por não ter estado por perto, por não ter conseguido evitar que as coisas chegassem aonde chegaram, mas agora é tarde.
Meu coração sangra só de imaginar que aquele menino, que chegava a ser bobo de tão pacífico, esteja agora numa penitenciária, dividindo um cubículo imundo com sabe Deus mais quantos desafortunados iguais a ele, sob uma acusação da qual será difícil de se livrar.
Pois é. O que eu poderia ter feito, não fiz. Agora é tarde.
Uma das pessoas que mais amo sempre me diz que um homem morre várias vezes nesta vida. Fiquem por perto dos seus amigos, não deixem que eles virem ovelhas perdidas.
Ele era um menino maravilhoso, e sei que ainda é. Mas a vida é cheia de caminhos tortuosos pelos quais nos deixamos enveredar por diversas vezes. Mas nunca é tarde para voltar atrás, e espero que, assim que ele pagar o que deve à sociedade, volte aos bons caminhos os quais um dia deixou.
Me sinto culpada por não ter estado por perto, por não ter conseguido evitar que as coisas chegassem aonde chegaram, mas agora é tarde.
Meu coração sangra só de imaginar que aquele menino, que chegava a ser bobo de tão pacífico, esteja agora numa penitenciária, dividindo um cubículo imundo com sabe Deus mais quantos desafortunados iguais a ele, sob uma acusação da qual será difícil de se livrar.
Pois é. O que eu poderia ter feito, não fiz. Agora é tarde.
Uma das pessoas que mais amo sempre me diz que um homem morre várias vezes nesta vida. Fiquem por perto dos seus amigos, não deixem que eles virem ovelhas perdidas.
domingo, 9 de setembro de 2007
Grito de independência
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Poema: Evaristo da Veiga
Música: D. Pedro I
Sempre achei que o hino nacional deveria ser o hino da independência. É muito mais bonito, mais melodioso, mais fácil de decorar, enfim. Passou o sete de setembro, passaram as comemorações e eu ainda não havia me emancipado. Estava presa ao meu quarto, meu computador, meus livros, minha monografia e - fiquei sabendo no feriado de independência - ao bendito relatório que tenho que entregar até dia 12 deste mês ao CNPq. Aí, pela manhã recebi uma ligação e um convite irrecusável: vamos à praia? Gente, não tive outra reação senão chutar o pau da barraca, dar o meu grito de independência e ir para a praia.
Como eu me senti bem ao chegar àquele lugar paradisíaco, ao saborear o delicioso ócio que há tanto não provava. A liberdade de fechar um laptop é algo indescritível! conclamo a todos os brasileiros a aproveitarem o sol de cada dia que Deus dá, lembrar que nem só de trabalho vive o homem, e que estamos fazendo uma participação especial neste mundo, e finalmente saber a hora de dizer: basta! Depois você voltará muito mais animado pro trabalho, com mais criatividade, inspiração e disposição.
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.
Poema: Evaristo da Veiga
Música: D. Pedro I
Sempre achei que o hino nacional deveria ser o hino da independência. É muito mais bonito, mais melodioso, mais fácil de decorar, enfim. Passou o sete de setembro, passaram as comemorações e eu ainda não havia me emancipado. Estava presa ao meu quarto, meu computador, meus livros, minha monografia e - fiquei sabendo no feriado de independência - ao bendito relatório que tenho que entregar até dia 12 deste mês ao CNPq. Aí, pela manhã recebi uma ligação e um convite irrecusável: vamos à praia? Gente, não tive outra reação senão chutar o pau da barraca, dar o meu grito de independência e ir para a praia.
Como eu me senti bem ao chegar àquele lugar paradisíaco, ao saborear o delicioso ócio que há tanto não provava. A liberdade de fechar um laptop é algo indescritível! conclamo a todos os brasileiros a aproveitarem o sol de cada dia que Deus dá, lembrar que nem só de trabalho vive o homem, e que estamos fazendo uma participação especial neste mundo, e finalmente saber a hora de dizer: basta! Depois você voltará muito mais animado pro trabalho, com mais criatividade, inspiração e disposição.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Fundação Viva Caju
Imagem:Google imagens
O excelentíssimo "presidenti" Luis Inácio lula da Silva é uma criatura possuidora de um intelecto sem igual. Por vezes acho que as palavras por ele proferidas são de um requinte intelectual humanamente inalcansável. Esse dias "Luisim" cuspiu a seguinte pérola: " Em algum momento da história, algum de nós cometeu uma grande injustiça com o caju".
É, meus caros! O "presidenti" estava discursando sobre a fruta, o caju, que é totalmente desperdiçado por certas industrias exportadoras de castanha. É que o que dá lucro mesmo é a castanha e não a popa.
Aí eu me pego pensando... Será que o governo vai lançar um "Bolsa Caju"? Medidas afirmativas para repar as injustiças sociais sofridas pela fruta ao longo de toda a nossa história? Se for assim, eu vou tratar de plantar um cajueiro no meu quintal. Pensando melhor, eu posso criar uma ONG. E já tem até nome: "Fundação Viva Caju". Tem também palavra de ordem: "Fora a Castanha, a Alca e o FMI! Viva a Popa!
Lula vem fazendo declarações a la Mãe Diná, como no dia em que foi perguntado por um repórter sobre o resultado do julgamento do mensalão. O "presidenti" parecia um jogador de futebol ou um vidente impreciso, que tem seu discurso decorado. Isto repetiu na sua declaração sobre o injustiçado cajuzinho, pois o excelentíssimo não disse quem cometeu nem quando foi cometida a tão injustiça.
Pausa para uma frase preconceituosa: É no que dá ter no poder um Silva ao invés de um Bragança!
hahahaha
terça-feira, 28 de agosto de 2007
O Enem
Dou-me conta de que não sou a única voz que clama no deserto, quando leio o blog do Reinaldo Azevedo. Tudo bem, eu sou meio egocêntrica.
O Reinaldo fez uma análise impagável da prova do Enem, que foi aplicada no último domingo. Ele é sempre muito engraçado, além de muito inteligente, e escreve muito bem. Por isso, segue abaixo uma parte do post dele sobre a prova do Enem. Leiam até o final, não vão se arrepender!
Redação
Naquela entrevista que concedeu à revista VEJA há 11 anos, o poeta Bruno Tolentino, morto em 17 de junho, decidiu que um de seus filhos não estudaria no Brasil. Segundo ele, não queria uma escola em que Caetano Veloso fosse considerado alta literatura. Bruno era muito exigente. O tema de redação deste ano traz como inspiração uma letra do grupo Engenheiros do Hawaii, outra dos Titãs e o fragmento de um texto da ONU. No caso dos Engenheiros, há versos inspirados como “todos iguais, todos iguais mas uns mais iguais que os outros”. Os Titãs emendam: “Todos os homens são iguais/ são uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros”. E a ONU arremata: “Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para a natureza”.
Aí propõe o examinador:
Todos reconhecem a riqueza da diversidade no planeta. Mil aromas, cores, sabores, texturas, sons encantam as pessoas no mundo todo; nem todas, entretanto, conseguem conviver com as diferenças individuais e culturais. Nesse sentido, ser diferente já não parece tão encantador. Considerando a figura e os textos acima como motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema “O desafio de se viver com a diferença”
Não é uma proposta de redação, mas um teste ideológico. Um dos meus sobrinhos, filho da minha irmã, fez a prova: “Mandei ver, tio. Falei que índio praticar infanticídio é uma diversidade que eu não respeito”. E eu: “Cara, você fez isso? Então já se danou (eu empreguei outro verbo, confesso...)” E ele: “Claro que não, né, Tio? E eu sou besta? Tava na cara que era para elogiar a diversidade. Era uma prova petista do começo ao fim. Escrevi tudo o que eles queriam ler". Sábio rapaz. Já percebeu a semente do estado policial.
Mistificação paulo-freiriana
Há muito tempo a patrulha paulo-freiriana e adjacências vêm forçando a mão sobre os vestibulares — que exigiriam o conhecimento em disciplinas estanques. Aí o Enem faz o quê? Sem que as escolas tenham mudado (mantêm professores especialistas, felizmente), o governo aplica uma prova supostamente “interdisciplinar”. Há, por exemplo, sete questões que poderiam ser consideradas de “interpretação de texto” não fosse maior o propósito de marcar uma posição ideológica do que o de testar o entendimento do que está escrito.
Sabem aquele papo do “saber integral”? Então. Um texto sobre canavieiro serve a questões de estudos sociais, interpretação de texto, geografia, química, biologia e, bem..., matemática!!! Vejam que gracinha. Informa-se, por exemplo, que um cortador de cana ganha R$ 2,50 por tonelada e que, por dia, ele corta oito toneladas. Aí, então, o estudante é chamado a fazer uma conta. Leiam a questão quatro:
Considere-se que cada tonelada de cana-de-açúcar permita a produção de 100 litros de álcool combustível, vendido nos postos de abastecimento a R$ 1,20 o litro. Para que um corta-cana pudesse, com o que ganha nessa atividade, comprar o álcool produzido a partir das oito toneladas de cana resultantes de um dia de trabalho, ele teria de trabalhar durante
A - 3 dias.
B - 18 dias.
C - 30 dias.
D - 48 dias.
E - 60 dias.
Fez a conta, Mané? É isso aí. É a matemática achada na rua. O estudante tem de concluir que o cortador é uma pobre vítima desse capitalismo podre. Afinal, precisaria trabalhar 48 dias para comprar o combustível que o seu trabalho “produzira” em um!!! Como a gente sabe, cana nasce como mato, certo? Não é preciso preparar a terra, adubar, plantar, financiar o plantio, a colheita, a produção, o transporte até a usina, cuidar da parte industrial, ter laboratório de pesquisa, transportar depois o produto final, nada disso. É chegar, passar o facão naquele "mato" e ver escorrer o álcool. Trata-se apenas de uma estupidez. Ah, claro, vocês sabem: a diferença entre os R$ 20 (R$ 2,50 X 8) que o cortador ganha por dia e os R$ 960 que rendem em álcool as oito toneladas que ele cortou (R$ 1,20 X 100 X 8 = R$ 960) deve ser o que o marxismo chulé brasileiro chama "mais-valia"...
E como uma coisa puxa a outra, ainda ligado ao tema, temos, então, a questão 7, de interpretação de texto, notavelmente casada com a questão quatro, que seria de matemática. Oferece-se, então um mau poema de Ferreira Gullar para uma questão que beira um teste de demência:
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
A - o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
B - o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
C - o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
D - a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
E - o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
Entenderam? A prova é toda ela feita desses encadeamentos — leiam o original. Trata-se de um exame temático — biocombustíveis, aquecimento global, respeito às diferenças e um pouco de, sei lá, saneamento talvez. Esses assuntos pautam todas as questões, a larga maioria, acreditem, no campo do que, no meu tempo, se chamava geografia — não a física, mas a humana. Convenham: não dá pra brincar de luta de classes na geografia física, a menos que se proponha a revolta da planície contra o Planalto — o que não seria má idéia, se é que me entendem...
Vamos falar um pouco de história? Aí vem este texto: “Após a Independência, integramo-nos como exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos.” É de Paul Singer, economista petista e auxiliar de Lula .
É evidente que não é proibido usar texto de um auxiliar do Apedeuta. Ocorre que o que vai acima não é história, mas ideologia. No caso, marxismo — expresso de forma explícita, para quem conhece, no trecho destacado em vermelho. Os “oitenta anos”, com a devida vênia, são puro chute. Não há um modelo para medir isso. Até meados do Segundo Império, o Brasil não ficava a dever aos EUA. As coisas degringolaram depois. Quando se trata de debater a escravidão, o texto de referência é do e militante negro Kabengele Munanga, um professor da USP com graduação em Antropologia Cultural na Universidade Oficial do Congo.
Texto extraído de http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/
O Reinaldo fez uma análise impagável da prova do Enem, que foi aplicada no último domingo. Ele é sempre muito engraçado, além de muito inteligente, e escreve muito bem. Por isso, segue abaixo uma parte do post dele sobre a prova do Enem. Leiam até o final, não vão se arrepender!
Redação
Naquela entrevista que concedeu à revista VEJA há 11 anos, o poeta Bruno Tolentino, morto em 17 de junho, decidiu que um de seus filhos não estudaria no Brasil. Segundo ele, não queria uma escola em que Caetano Veloso fosse considerado alta literatura. Bruno era muito exigente. O tema de redação deste ano traz como inspiração uma letra do grupo Engenheiros do Hawaii, outra dos Titãs e o fragmento de um texto da ONU. No caso dos Engenheiros, há versos inspirados como “todos iguais, todos iguais mas uns mais iguais que os outros”. Os Titãs emendam: “Todos os homens são iguais/ são uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros”. E a ONU arremata: “Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para a natureza”.
Aí propõe o examinador:
Todos reconhecem a riqueza da diversidade no planeta. Mil aromas, cores, sabores, texturas, sons encantam as pessoas no mundo todo; nem todas, entretanto, conseguem conviver com as diferenças individuais e culturais. Nesse sentido, ser diferente já não parece tão encantador. Considerando a figura e os textos acima como motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema “O desafio de se viver com a diferença”
Não é uma proposta de redação, mas um teste ideológico. Um dos meus sobrinhos, filho da minha irmã, fez a prova: “Mandei ver, tio. Falei que índio praticar infanticídio é uma diversidade que eu não respeito”. E eu: “Cara, você fez isso? Então já se danou (eu empreguei outro verbo, confesso...)” E ele: “Claro que não, né, Tio? E eu sou besta? Tava na cara que era para elogiar a diversidade. Era uma prova petista do começo ao fim. Escrevi tudo o que eles queriam ler". Sábio rapaz. Já percebeu a semente do estado policial.
Mistificação paulo-freiriana
Há muito tempo a patrulha paulo-freiriana e adjacências vêm forçando a mão sobre os vestibulares — que exigiriam o conhecimento em disciplinas estanques. Aí o Enem faz o quê? Sem que as escolas tenham mudado (mantêm professores especialistas, felizmente), o governo aplica uma prova supostamente “interdisciplinar”. Há, por exemplo, sete questões que poderiam ser consideradas de “interpretação de texto” não fosse maior o propósito de marcar uma posição ideológica do que o de testar o entendimento do que está escrito.
Sabem aquele papo do “saber integral”? Então. Um texto sobre canavieiro serve a questões de estudos sociais, interpretação de texto, geografia, química, biologia e, bem..., matemática!!! Vejam que gracinha. Informa-se, por exemplo, que um cortador de cana ganha R$ 2,50 por tonelada e que, por dia, ele corta oito toneladas. Aí, então, o estudante é chamado a fazer uma conta. Leiam a questão quatro:
Considere-se que cada tonelada de cana-de-açúcar permita a produção de 100 litros de álcool combustível, vendido nos postos de abastecimento a R$ 1,20 o litro. Para que um corta-cana pudesse, com o que ganha nessa atividade, comprar o álcool produzido a partir das oito toneladas de cana resultantes de um dia de trabalho, ele teria de trabalhar durante
A - 3 dias.
B - 18 dias.
C - 30 dias.
D - 48 dias.
E - 60 dias.
Fez a conta, Mané? É isso aí. É a matemática achada na rua. O estudante tem de concluir que o cortador é uma pobre vítima desse capitalismo podre. Afinal, precisaria trabalhar 48 dias para comprar o combustível que o seu trabalho “produzira” em um!!! Como a gente sabe, cana nasce como mato, certo? Não é preciso preparar a terra, adubar, plantar, financiar o plantio, a colheita, a produção, o transporte até a usina, cuidar da parte industrial, ter laboratório de pesquisa, transportar depois o produto final, nada disso. É chegar, passar o facão naquele "mato" e ver escorrer o álcool. Trata-se apenas de uma estupidez. Ah, claro, vocês sabem: a diferença entre os R$ 20 (R$ 2,50 X 8) que o cortador ganha por dia e os R$ 960 que rendem em álcool as oito toneladas que ele cortou (R$ 1,20 X 100 X 8 = R$ 960) deve ser o que o marxismo chulé brasileiro chama "mais-valia"...
E como uma coisa puxa a outra, ainda ligado ao tema, temos, então, a questão 7, de interpretação de texto, notavelmente casada com a questão quatro, que seria de matemática. Oferece-se, então um mau poema de Ferreira Gullar para uma questão que beira um teste de demência:
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
A - o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
B - o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
C - o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
D - a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
E - o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
Entenderam? A prova é toda ela feita desses encadeamentos — leiam o original. Trata-se de um exame temático — biocombustíveis, aquecimento global, respeito às diferenças e um pouco de, sei lá, saneamento talvez. Esses assuntos pautam todas as questões, a larga maioria, acreditem, no campo do que, no meu tempo, se chamava geografia — não a física, mas a humana. Convenham: não dá pra brincar de luta de classes na geografia física, a menos que se proponha a revolta da planície contra o Planalto — o que não seria má idéia, se é que me entendem...
Vamos falar um pouco de história? Aí vem este texto: “Após a Independência, integramo-nos como exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos.” É de Paul Singer, economista petista e auxiliar de Lula .
É evidente que não é proibido usar texto de um auxiliar do Apedeuta. Ocorre que o que vai acima não é história, mas ideologia. No caso, marxismo — expresso de forma explícita, para quem conhece, no trecho destacado em vermelho. Os “oitenta anos”, com a devida vênia, são puro chute. Não há um modelo para medir isso. Até meados do Segundo Império, o Brasil não ficava a dever aos EUA. As coisas degringolaram depois. Quando se trata de debater a escravidão, o texto de referência é do e militante negro Kabengele Munanga, um professor da USP com graduação em Antropologia Cultural na Universidade Oficial do Congo.
Texto extraído de http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/
domingo, 26 de agosto de 2007
Gerundismo dos Gerundinos
Hoje é domingo, dia santo, e até ainda há pouco eu estava no culto da noite, como de costume. Aí, a moça que estava dirigindo o programa soltou um: "estaremos passando para...". Aquilo, imediatamente, acionou o meu alerta "gerundismo". Antes eram só os operadores de telemarketing, mas agora falar usando o gerundismo parece ser o certo, o bonito. Vai entender.
Aí eu disse pra Aline (uma amiga que estava ao meu lado): Amiga, quem só fala usando o gerúndio, bem que podia ser apelidado de "Gerundino" né?
Aline não só deu asas a minha imaginação como embarcou no meu devaneio e completou: Pois é, acho que os "Gerundinos" podiam ser uma nova escola literária.
Pode parecer um papo entre duas doidas - e de fato é - mas há algum sentido nisso tudo. O "gerundismo está ficando - este gerúndio que eu acabo de usar foi proposital e inofensivo - cada dia mais popular. O povo tem uma facilidade para copiar e divulgar o que é vulgar, vide as modas lançadas em novelas.
Eu resolvi usar este espaço para deixar o meu apelo aos blogueiros e blogueriras do Brasil e do mundo: DIGA NÃO AO GERUNDISMO, NÃO SE TORNE UM GERUNDINO!
Imaginem se este texto tivesse sido todo escrito com o auxílio do gerúndio? Pense nisso. Este assunto é quase tão preocupante quanto o aquecimento global!
Versão em gerundismo
Hoje está sendo domingo, dia santo, e até ainda há pouco eu estava estando no culto da noite, como de costume. Aí a moça que estava dirigindo o programa soltou um: "estaremos passando para...". Aquilo, imediatamente, esteve acionando o meu alerta "gerundismo". Antes estavam sendo só os operadores de telemarketing, mas agora, falar usando o "gerundismo" estará parecendo ser o correto...
E por aí vai, porque eu não agüento escrever mais nem uma linha assim. Socorro!
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Reféns de Fidel
Hoje, como na maioria dos dias, dei aquela olhadinha desinteressada na capa do jornal O Globo. Todos os dias olho o jornal já com aquela sensação de que as notícias obedecem a uma tipologia e de que nada de extraordinariamente novo acontece. Pois é, num dos cantos da capa tinha uma tímida manchete sobre o destino dos pugilistas cubanos "desertores", que foram gentilmente expulsos e mandados de volta para os braços de Fidel pelo cordial governo brasileiro.
Os pobres miseráveis estão não só proibidos de participar de campeonatos fora de Cuba, eles estão também proibidos de sair daquela ilha pro resto de suas vidas. Queridos leitores, esses atletas são reféns de Fidel! Sinceramente, os esquerdistas que por ventura lêem este blog, que me perdoem. Eu não me canso de dizer que eu não sou normal. Na minha profissão, se eu fosse mais uma dessas jovens militantes de esquerda, admiradoras de Marx e apaixonadas por "La Revolución" muitas portas me seriam abertas, eu certamente seria uma historiadora de sucesso, não seria nenhum sacrifício para mim, ir à faculdade, ouvir aquelas aulas, ler aqueles textos clássicos (tipo o antológico debate entre Dobby e Sweezy)nos quais não consigo achar nenhum sentido. Mas infelizmente não sou como o resto do rebanho... nasci de direita e nunca passei pela fase revolucionária, pra completar não sou atéia, mas protestante. Aí já viu né? Webber devia saber o que dizia, de fato...
Pois, este panorama de mim mesma pode te fazer entender a minha impaciência com Cuba. Não. A minha impaciência é com Fidel. Como pode um homem proibir pessoas de tentarem ter uma vida mais digna em outro país? Eu não entendo mais nada...
Mas, felizmente, este é meu último período na faculdade. Não serie mais obrigada a aturar ou ter qualquer tipo de contato com a academia [des]ilustrada. Acho que ficarei por um ano longe dos jornais e das notícias, vou esquecer o mestrado. É isso, decidi. Só volto a pensar em história quando Fidel Castro for somente um fundo num arquivo PRIVADO em Havana. Podem me chamar de "alienada", será o melhor dos elogios.
sábado, 18 de agosto de 2007
Falta de poesia e os Simpsons
Cartola, independente da situação, sempre me fez chorar. Mas chorar ao som de Cartola é bonito, tem um "q" intelectual, acho até que é chic. Ultimamente, me encontro no buraco, mas só percebi a profundidade deste quando me peguei vendo poesia na música "Big girls don't cry" da Fergie - uma cantora pop, dessas bem comerciais, revelação do grupo Black Eyed Peas. Ao final da música, em prantos, eu quase disse um: "grande Fergie!". Foi aí que me indignei comigo mesma. Ah! Façam-me o favor! Ainda se fosse Cartola... Pois bem, resolvi que dali não poderia cair mais, apesar de não esquecer das palavras do sábio Pe. Antônio Vieira quando disse que sempre se pode cair mais. De lá pra cá tenho feito coisas que não fazia há tempos. Uma delas foi ir ao cinema. A grande idéia e maravilhosa descoberta: The Simpsons Movie. Quem ainda não assistiu, corra para o cinema. Não há nenhuma comédia melhor que tenha sido produzida nos últimos cinco anos. Quem já assistiu, volte ao cinema, porque é o tipo de filme que a gente pode ver várias vezes e com a certeza de que vai rir sempre daquelas mesmas piadas, porque são muito bem boladas. Saí do cinema feliz, sorridente, esqueci minha dor de cotovelo - até a manhã seguinte - e quero levar todas as pessoas inteligentes que conheço para assisti-lo.
Fica aqui a dica: Os Simpsos, O Filme. Imperdível!
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Carta aos leitores
Caros leitores,
peço-lhes desculpas pelo silêncio das linhas que já não mais escrevo. Minha vida sofreu uma brusca mudança da noite de domingo pra cá. Desde então não tenho vontade de quase nada, isto inclui escrever. Mas é uma má fase que vai passar, como tudo na vida (inclusive o governo Lula, eu espero). Assim que me sentir novamente apta e inspirada, volto a publicar neste meu lugar as minhas bobagens particulares, do meu público mundo particular.
Tudo o que eu tinha por certo virou... virou, desapareceu. Virou dúvida, talvez, ou somente certeza de que deixou de existir. Só me restou a certeza de que Deus é Deus (para o espanto de muitos, sou uma historiadora fundamentalista) e isto me afasta dos ímpetos suicidas, graças a Deus.
Quando eu conseguir olhar o mundo ao meu redor e tirar alguma conclusão sobre ele novamente, aí sim volto aqui e retomo este blog. Não vai demorar muito, I'II survive!
Lembranças doloridas e dolorosas
É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará
Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais
Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais
Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Um bom encontro é de dois
Vanessa da Mata e Ben Harper
sábado, 11 de agosto de 2007
Luis, Luis e Luizim
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
E os filhos dos policiais vivos?
Cota para filho de policial morto gera debate
Nova medida só vale para o vestibular da Uerj.
Policiais federais também querem ser contemplados.
Dório Victor Do G1
O governador do Rio, Sérgio Cabral, sancionou no mês de julho uma lei que inclui no sistema de cotas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) os filhos de policiais civis e militares, bombeiros, inspetores de segurança e de administração penitenciária que foram mortos em serviço ou ficaram inválidos permanentemente. A nova medida está gerando polêmica no meio acadêmico.
Estou pasma! Foi a Pris quem me deu a notícia.
Alguém pode me dizer onde é a linha de chegada desta corrida maluca de corredores loucos?
Minha gente, este é o fim da picada! Sérgio Cabral - aquele do "pra ficar legal" - não tem que acirrar mais ainda a concorrência dos concursos vestibulares com cotas pra filhos de policiais mortos, tem é que dar segurança pra esses homens trabalharem, salários dignos, uma educação decente na rede pública para os filhos deles... Será que estou louca? Será que sou muito má??? Não sei. Mas ainda continuo a perguntar: Como é que pode? Os policiais federais têm razão de ficarem enciumados, a mixórdia já é generalizada mesmo.
E aí me vem uma preocupação: vai ficar ainda mais difícil pra pessoas brancas, de colégios particulares e com pais vivos conseguirem ingressar na faculdade. Pode parecer cruel o que estou dizendo, mas fazem Cotas para incluir, só que não estão percebendo que, com excesso de cotas, os não-cotistas serão excluídos. A regra virou exceção e a exceção regra.
Thomas Sowel bem que avisou que em todos os países onde o sistema de cotas provisórias foi adotado, ele acabou sendo permanente. É o que está acontecendo conosco. As cotas não só vieram para ficar, como estão se diversificando. Antes a preocupação era com os "negros" - por causa de anos de escravidão, blá, blá, blá. Tínhamos também indígenas, vieram os deficientes, os alunos de escola pública (estes, devido a um ensino deficiente)e agora me vêm com cotas pra filhos de policiais e bombeiros mortos em serviço? Ah! Façam-me um favor!
E chega! Eu estou gastando o meu latim, abusando do vernáculo, pra a grande maioria dos leitores me achar um monstro racista, elitista e, certamente, vai ter quem me chame de neoliberal (não façam isto, prefiro ser chamada de liberal). Mas é o preço que se paga por viver na contramão.
sábado, 4 de agosto de 2007
Amor, amor, amor
Viver despreocupado deve ser bom, mas não há nada comparável a ter por quem chorar, ter alguém com quem possamos dividir os nossos melhores sentimentos. De amor são boas até as brigas, porque depois vem a deliciosa reconciliação. Fato é que até para amar há que se ter coragem, e que, por muitas vezes, deixamos passar as oportunidades pelas quais passamos uma vida inteira esperando, por pura covardia.
Somos tão cheios de princípios, e tão absorvidos pelas convenções, que, por inúmeras vezes consideramos todos os pontos contrários, deixando de perceber a riqueza de detalhes que há na simplicidade e ignorando a sinceridade de um sentimento puro. Passamos a vida querendo agradar a uma sociedade de corrupção moral velada, querendo fazer as coisas dentro dos padrões - com medo do que as pessoas vão falar - que quando nos damos conta a vida já passou, os amores já passaram e a felicidade já não tem vez.
O Amor é o mais puro dos sentimentos. É aquilo que acalma e arrebata, bondozo e cruel. O mais complexo dos simples sentimentos.
Diz aí Camões:
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce e é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido:
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens e inda aos deuses odioso.
Se males faz Amor, em mi se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de amor;
Todos estes seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
Luís Vaz de Camões
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Dói
Minha cabeça dói. São 11:11h e minha cabeça não pára de doer. Está assim desde anteontem. Tomo remédios, ela parece que diminui, mas logo ligo a televisão - sky, globonews, cpi do apagão aéreo ao vivo - deputados gritando como se o congresso fosse uma feira, minha dor de cabeça aumenta. No fundo eu penso: Se estivéssemos na Inglaterra, não seria assim. Eles debatem sobre o furo de reportagem da Folha de São Paulo. É a vez da Luciana Genro ter a palavra, aí minha cabeça resolve que vai estourar se ela abrir a boca. Penso: as cabeças dessas pessoas não doem? Se não a cabeça ao menos a consciência? Eles querem poupar as famílias das vítimas do acidente com o airbus da TAM não revelando os diálogos que possam causar dor e constrangimento, mas será que dá pra constranger e causar mais dor do que já foi feito nos momentos de notícias televisivas e de reconhecimento dos corpos carbonizados? Minha cabeça não me entende e não entende, só dói. Não entender dói, não mais do que conhecer.
Num dado momento, um deputado do PTB grita um "a gente fomos", aí já não sinto mais a cabeça...
Minha cabeça dói. Parece não haver solução. Os remédios não resolvem e as notícias não ajudam. Só doem.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Manual de mim mesma
Meus amigos sabem que sou uma boboca. Raramente digo não às pessoas que eu amo, quando posso dizer sim, mas jamais prometo alguma coisa que não possa cumprir. Faço tudo que está ao meu alcance, e tenho uma terrível mania de querer agradar e ser bem quista por todos (isso é horrível, eu sei, mas só um psicanalista poderia me ajudar).
Logo, sou uma daquelas pessoas que perdoa quase tudo. Digo quase porque traição é única coisa que me tira do sério (ou que me tira o riso). E a pior personificação da traição é a falta de palavra. Não admito que me prometam algo que não vão ou não possam cumprir. É pior que me dar uma surra. Mas, parece que as pessoas me escolhem - talvez por saberem que sou crédula e que dou crédito a qualquer um - pra me prometerem o que não vão cumprir.
Quando eu tinha seis anos, minha tia me disse que traria uma casinha de bonecas para mim. Ela estava vindo dos EUA. Eu fui buscá-la no aeroporto, louca pela casinha, sonhando com a casinha, e adivinhem só, ela ainda no aeroporto deu a casinha, que havia me prometido, para a afilhada dela e na minha frente. Quando eu ia completar 15 anos, esta mesma tia se juntou com as outras e me prometeram uma festa, me deixaram sonhar e imaginar, e meses antes tiveram o prazer de me dizer que não a fariam. Terminando o ensino médio - disse minha madrinha - vou te pagar um curso pré-vestibular! Ela também não cumpriu.
Terminei assim mesmo o ensino médio, e minha outra tia me disse que pagaria uma faculdade de Direito pra mim, na Cândido Mendes. No último dia da inscrição para o vestibular Uerj ela me disse que não pagaria mais a faculdade. Fui chorando e correndo pro correio mais próximo e fiz a inscrição pra Uerj e passei pra História, olha o mal que ela me fez! (brincadeirinha, os amigos que fiz lá na FFP valeram a pena)
No aniversário do meu pai, em maio, meu padrinho veio aqui em casa e viu as fotografias dos meus inventários de escravos alforriados e, ao saber que minha câmera digital tinha pifado, disse que me daria outra. Espero-a até hoje.
[não falarei das flores, das rosas]
Hoje foi meu pai, que acaba de me dizer que não vai cumprir uma promessa que me tinha feito. Foi a que mais doeu, porque os outros são os outros mas ele é meu pai. Não quero achar que ele é como os outros, que não tem palavra, mas me dói do mesmo jeito.
Parece que as pessoas acham engraçado me prometer coisas que não vão fazer. Só não entendo como é que eu ainda continuo a acreditar nas pessoas.
Então deixo um pedido para todos aqueles que vivem ao meu redor e têm algum contato comigo: Me digam quantos "não's" forem necessários, mas não me traiam, não me prometam coisas que não podem cumprir.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Gafes do presidente, filosofia de vestibulando.
Imagem Gettyimages: National Geographic
ngs41_0370 (Direitos controlados)
Eu estava cá pensando que não postaria nada hoje. Mas acabo de ouvir um discurso de Lula, na apresentação de Nelson Jobim como seu novo ministro da Defesa. Parêntese: esta abundância de ministros do governo Lula ainda vai dar muito trabalho para os futuros estudantes de História do Brasil.
Dentre as gafes cometidas pelo "presidenti" constava: "Nelson Jobim, que é ADEVOGADO [sic],e nem sei se isso é motivo de orgulho, estava parado, desocupado, sem trabalhar... Aí eu resolvi chamá-lo pro ministério, onde ele vai poder mostrar todo o seu potencial".
Vejam, queridos leitores, ele não só desmereceu a profissão de Nelson Jobim, como assumiu que o chamou para o ministério devido a inércia na sua vida profissional. Agora, pode?
Ai, ai...
Aí, minha mãe me mandou um e-mail com aquelas famosas frases de vestibulandos. Uma delas me chamou particularmente a atenção. O gênio em potencial dizia assim: "O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades".
[pausa para risos e ponderações]
É, meu povo!o problema é a superabundância... bundância, no final, é só o que importa nesta terra de canibais.
Informativos internacionais:
Lulas gigantes infestam os mares da Califórnia. Podem medir mais de dois metros e são muito agressivas, segundo os pescadores. Pra variar, a culpa é do aquecimento global. Os monstros marinhos são originários das costas mexicanas, e têm - tal qual a população mexicana - imigrado ilegalmente.
terça-feira, 24 de julho de 2007
Siso, o dente do juízo
Vinte anos e oito meses, e um siso nascendo atrás daquilo que eu pensava ser o siso. Falta de juízo!
A dor é contínua, o incômodo parece tão infinito quanto os problemas dos céus do Brasil. Será que some com um doril? A pista de Congonhas desmorona, e eu sinto dor. Pessoas se espremem nas filas dos aeroportos, e meus dentes são também espremidos entre si para que um outro, um tal siso (que não deve ter juízo), possa chegar e se acomodar.
Já sabia que pensar doía, que a ignorância é o segredo para a felicidade - será por isso que Lula nunca sabe de nada? -, mas não sabia que criar juízo era assim tão doloroso.
Será que resolveria se eu dissesse a este intruso: "Acho melhor você adiar a sua passagem para um momento mais oportuno", ou então, com aquela voz de aeroporto precedida de um sonoro "tu tu", "Perdão senhor dente, mas todas as vagas nesta boca já foram preenchidas"?
Quando o governo vai tomar juízo? Quando vai nascer em Brasília o siso?
A data, talvez, seja tão difícil precisar quanto a do Juízo Final. Mas uma coisa é certa, até nascer, o siso vai doer muito. Porque é muita gente pra pouco saguão, são muitos dentes pra pouca boca, são muitos ministros pra [de] pouco juízo!
sábado, 21 de julho de 2007
Como é que pode?
Durante todos estes dias tenho me privado de escrever sobre o acidente com o airbus da TAM, do caos aéreo e das peripécias do Governo. Mas, depois do pronunciamento do "presidenti", da comemoração do secretário e de ler um livro chamado "De Getúlio a Castelo", de Tomas Skidmore, me deu vontade de perguntar: Como é que pode?
Como é que pôde Getúlio mandar e desmandar, converter adversários em aliados, depois de ditador voltar eleito, ser indicado candidato à presidência da república por dois partidos ao mesmo tempo e, ainda depois de eleito senador pelo PSD ajudar a criar e incentivar a população a votar no PTB? (não necessariamente nesta ordem) Como é que pode?
Como é que pode uma crise aérea durar 10 meses, tendo havido um grave acidente, e serem necessárias as mortes de quase 200 pessoas pro "presidenti" resolver se pronunciar e tomar as medidas que ele acha cabíveis?
Como é que pode, pessoas comemorarem um defeito técnico no avião, defeito este que causou as mortes de quase 200 brasileiros, só porque este aliviaria a barra do governo? Onde está a humanidade?
Como é que pode? Como é que pode?
Os brasileiros não mudam? Como é que pôde Lula ser reeleito? Viva a Democracia! Deve ser por isso que tem gente por aí - não me incluo nisso - que acha que democracia é coisa do "DEMO".
A pergunta fica: Como é que pode?
E quando me pareceu que nada poderia tirar o foco do "presidenti", quando eu comecei a achar que o "como é que pode" só cabia à Lula (e aqui entendamos LULA como um molusco mesmo, daí a crase)um fato rouba a cena: Morreu Antônio Carlos Magalhães. Como é que pode? O que será da Bahia? Diante disto os meus "como é que pode" e as minhas palavras silenciam.
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Paola pensando: Como é que pode?
Como é que pode eu nunca ter visto um anão preto na rua, de perto? Será que só pânico na TV tem um anão negro? Será que os anões são racistas? Será que na televisão eles pintam os anões? Como é que pode??
Desde que meu preofessor me questionou se havia filhotes de pombos na rua, eu fiquei incucada. Alguém aí já viu???
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Ana Luiza e Vicente conversando (com um globo terrestre nas mãos):
AL: irmão, tô olhando aqui no globo e percebi que se os portugueses tivessem saido em linha reta chegariam na América de fato, perto de NY. Como é que pode?
V: Você já ouviu falar que português é burro???
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Batuque na cozinha
10/7/2007
Na versão de Sinhá Moça do MP da Bahia, os escravos nunca apanhariam
O Ministério Público da Bahia denunciou a Rede Globo, que exibiu a novela Sinhá Moça, por racismo. As cenas de açoitamento de Sinhá Moça, segundo o promotor Almiro Soares Filho, feriam a dignidade da pessoa negra, minando o auto-respeito e a auto-imagem dos descendentes dos escravos. Para defender os negros, o promotor eliminaria os abusos sofridos por eles. Na novela idealizada pelo MP da Bahia os escravos nunca apanhariam. Independentemente da verdade histórica. A igualdade racial jamais será conquistada com a impostura e desonestidade intelectual. Isso vale tanto para o caso do professor Paulo Kramer como para a novela da Globo.
Diogo Mainardi (Colunista da Revista Veja)
Gente! O que é isso? O que mais eles querem? Na minha mente infantil, na única analogia possível, só consigo comparar o Movimento Negro àqueles dois ratinhos que vivem a querer dominar o mundo: Pink e Cérebro. Parece ridículo usar desenhos animados para ilustrar pensamentos, mas nada é mais ridículo do que este "Lado Negro da Força". E o que me deixa mais indignada é saber o que agora sei. Neste domingo passado fui à casa da minha tia avó para almoçar, mas com a verdadeira intenção de fazer mil perguntas sobre os membros da família que não cheguei a conhecer (sou temporão) e para tal fui com um gravador em punho e comecei as perguntas. Eu achava que era negona, ora eu preciso passar alisante no cabelo e isso sempre me pareceu prova bastante da minha origem também afro, mas dei com os burros n'água. Depois de muita conversa, pude perceber que não existe negro "puro" na família, na verdade, o que sempre houve foi mistura de português com mulatos (que eram geralmente filhos de outros mulatos com portugueses). Ou seja, nenhum preto tipo "A". Fiquei triste, sinceramente, pois o meu plano de requerer as terras do Cezar Palace (no Leblon) me dizendo um remanescente quilombola foi pelo ralo. Se olharem minha árvore genealógica, vão perceber que sou uma fraude.
Fraude sou assim como todo brasileiro o é. Assim como os baianos são. Ninguém tem pedigree neste país. Certa vez, numa aula de Antropologia, eu disse a professora que o Brasil era um país de vira-latas, e ela quase teve um ataque, mas é isso mesmo, Joana Bahia que me desculpe. Todos somos misturados. Até mesmo os descendentes de europeus que aqui vivem, porque é um tal de alemão que casa com italiano, neste pais há um vuco-vuco de nacionalidades que não pára.
Agora ainda tem essa, os caras do "movimento" estão querendo esquecer que os escravos apanharam e sofreram, estão querendo esquecer a sua história. E é por esta droga de história do negro que eles estão obrigando a nós, professores de história, a estudarmos história da África (e me pergunto o que mais tem na história da África que não seja guerras e escravizações sucessivas e cíclicas entre os povos daquele continente, que não aprenderam a escravizar-se com os "brancos") para que o "negro" brasileiro tenha do que se orgulhar. Ora, não é o negro brasileiro um brasileiro antes de ser negro? E sendo brasileiro, não tem ele uma história nacional da qual possa se orgulhar ou se envergonhar como qualquer outro cidadão seja ele da cor que for? Se não for assim, vamos ter que fazer a história dos judeus, sem poder falar no holocausto, teremos de ensinar a história dos chineses, coreanos, japoneses, turcos, árabes, italianos, alemães, ou seja, de todos os povos que se fazem presentes hoje no Brasil e que aqui fizeram descendência, mas sem nunca poder falar dos episódios tristes das histórias deles. Isto é um absurdo! Uma mixórdia, como gosta de dizer meu tio Jorge. O que é isso minha gente? Onde está o bom senso? Em nome desse esquecimento dos abusos da escravidão, terá a historiografia brasileira que ficar ESCRAVA de uma memória produzida? Estaremos nós sendo censurados?
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segunda-feira, 16 de julho de 2007
Luiz Vaz de Camões
Glosa: Composição poética que desenvolve o sentido de um mote dado ou escolhido, e que termina em cada uma de suas estrofes com um dos versos do mote.
Hoje eu estava a ler um livro do José Saramago intitulado "Que farei com este livro?". É uma peça teatral que conta a história de Luiz Vaz (de Camões) quando do seu regresso à Lisboa depois de ter passado dezessete anos na Índia, e dos seus incessantes esforços para publicar o seu livro, Os Lusíadas. Camões voltou pobre da Índia, e pobre permaneceu até a sua morte. Mas, o que me fez parar durante a leitura foi um pedido que Dona Francisca de Aragão - uma dama da rainha e antigo amor de Camões - fez ao poeta. Abaixo transcrevo o trecho da peça no qual ela faz o pedido, e outro onde ele lê as glosas.
FA (Francisca de Aragão)
LC (Luís de Camões)
FA: Enamorai-vos. Não terá de dar mais quem der o amor.
LC: Não é nas grandes fogueiras que mais nos queimamos. Dessas, fugimos. É no lume que julgávamos apagado.
FC: Todos nos queimamos. Também eu amei outros homens, e muito a cada um. É a minha natureza. E este tempo de hoje sei eu que não será diferente daquele em que fui amada por vós, se o que meu coração sentir for igual.
LC: É igual?
FA: Amanhã o saberei. O tempo irá dizer.
LC: Olhai bem, Francisca. Não vamos fugir a cuidados.
FA: Mas porém a que cuidados? (reflete)Aí tendes. Glosai-me este mote.
LC: Que mote?
FA: "Mas porém a que cuidados?" Pelas glosas que dele fizerdes saberei se me ireis ter amor.
Mas porém a que cuidados?
Tantos maiores tormentos
Foram sempre os que sofri,
Daquilo que cabe a mi,
Que não sei que pensamentos
São os pera que nasci.
Quando vejo este meu peito
A perigos arriscado
Inclinado, bem suspeito
Qua a cuidados ou sujeito.
Mas porém a que cuidados?
Glosa segunda ao mesmo.
Que vindes em mi buscar,
Cuidados, que sou cativo?
Eu não tenho que vos dar.
Se vindes a me matar.
Já há muito que não vivo.
Se vindes porque me dais
Tormentos desesperados,
Eu, que sempre sofri mais,
Não digo que não venhais.
Mas porém a quê, cuidados?
Glosa Terceira ao mesmo.
Se as penas que Amor me deu
Vêm por tão suaves meios,
Não há que temer receios,
Que vale um cuido meu
Por mil descansos alheios.
Ter nuns olhos tão formosos
Os sentidos enlevados,
Bem sei que em baixos estados
São cuidados perigosos.
Mas porém, ah! que cuidados!
Trechos estraídos de José Saramago, O que farei com este livro?
Imagem: gettyimages
Fugindo de Cuba
Um dos titulares da seleção cubana de handebol, Rafael da Costa Capote, fugiu da vila panamericana esta semana. Fugiu mesmo. Tomou um táxi até São Caetano do Sul - SP, e pagou R$600,00 pela corrida. O que me leva a crer que a vontade do atleta era realmente usar a vinda ao Rio de Janeiro, para o panamericano, como uma boa oportunidade de tentar a vida num time de São Paulo, como já o tinha feito um amigo e como ele próprio declarou. Em entrevista ao Jornal Nacional, o cubano disse que foi para São Caetano do Sul pois lá teria mais oportunidades de crescer profissionalmente que em Cuba. Óbvio, não é?
O que me deixa boba é ver pessoas, como o meu próprio pai, que ainda acham que Cuba é o paraíso na terra. Este rapaz me lembrou um escravo que insatisfeito com o seu senhor fugiu para um outro plantel em busca de um "cativeiro mais digno". E ele não é o único atleta cubano no time Paulista.
A vida desses moços devia ser mesmo muito difícil. Nenhum atleta deixa o sonho de uma medalha e embarca num táxi de um Estado a outro - o que mostra o desespero ou a falta de informação - a troco quaisquer outras coisas que não sejam motivos de força muito, muito maior.
Fidel não "cai", como costuma dizer a esquerda, mas já não seduz e domina seu rebanho como antes. E, até que o fim chegue, o rebanho vai diminuindo se as ovelhas continuarem a se desgarrar.
Imagem:gettyimages
À Flor da Pele
Como bem disse Zeca Baleiro, ando à flor da pele. Choro por qualquer coisa, acho outras tantas coisas engraçadas...
Não vejo motivos racionais pro meu pranto ou pro meu riso. Há pouco resolvi o problema com um "charge",chocolate sempre ameniza os problemas, mas nunca os resolve. Tenho me
segurado em Deus, e tem sido muito bom. Mas não sei lidar com as minhas variações de humor. Isso é muito louco. Acho que preciso de um analista. Se algum psiquiatra competente passar por este blog, é favor deixar o telefone e endereço do consultório.
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sábado, 14 de julho de 2007
História do meu primeiro porre
Nunca beba com um sociopata!
Era uma casa estranha e, pra variar, eu era a mais sóbria. Resolvi que tinha muitas mágoas e precisava esquecê-las. Vi a garrafa de um vinho caro que tinha levado para dar de presente ao anfitrião, mas pensei: ele não a merece, já está bêbado com cerveja, vou te beber sozinha. Fui até a garrafa, peguei também uma taça. Era um vinho branco suave, tão doce que parecia incapaz de embebedar qualquer um, até mesmo eu, e de fato o era não fosse a má companhia que escolhi. Me dei conta que de frente para mim estava ele, de perfil, sorrindo, lindo, com aquela cara bonita de todo cafajeste. Não resisti, decidida a deixar as nossas diferenças de lado, chamei-o para beber comigo e ele aceitou. Foi assim que cheguei ao meu primeiro porre, não por causa do vinho, não foi aquela maravilhosa e doce bebida de uva que embriagou, foi a companhia dele, Che Guevara. O pior companheiro de copo que uma pessoa pode escolher, ainda que ele se faça presente somente na forma de um calendário cubano.
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segunda-feira, 9 de julho de 2007
Sabedoria, de Cartola à D. Nair
Lamento não ter uma fotografia da minha saudadosa avó, Dª Nair Borges de Araújo. Foi uma mulher tão forte quanto o seu nome. Mas não vou aqui escrever uma mini-biografia dela, o que é uma pena. É que hoje, ao lado de uma das pessoas que mais amo, lembrei de algumas frases dela. Vovó era muito sábia, apesar de sua pouca instrução, e apesar também de suas frases serem popularmente conhecidas e repetidas - por não serem de autoria própria - na boca dela pareciam ter um sentido muito mais interessante e uma aplicabilidade muito maior. Algumas ainda são repetidas por aí: "Quem come e guarda, come duas vezes", "Ouça mais do que fale, você tem dois ouvidos e uma única boca", "não há mal que sempre dure ou bem que nunca acabe"... Frases conhecidas e bobas, mas que na voz dela pareciam muito mais sábias.
Aí, pensando nos ensinamentos dela quanto à paciência e quanto às poucas palavras (quando em dizia que devia ouvir mais que falar) me lembrei, por ocasião de uma conversa, de uma musica de Cartola na qual, ao falar à sua mulher de um antigo amor, ele diz que vai calar para não magoá-la. Aí pensei na vovó e no que me dizia sobre a matemática do corpo, sobre ter mais ouvidos que boca. Muitas vezes calar é o melhor podemos fazer, o desespero e a impetuosidade só nos leva à atitudes desastrosas, a calma e a temperança por sua vez nos recompensa, ora, quem come e guarda, realmente, come duas vezes...
Certa vez, num engarrafamento terrível na Contorno, eu resolvi descer do ônibus e ir a pé achando que seria mais rápido. Aí, depois de muito andar, um senhor me gritou de dentro de um ônibus e me mandou subir. Eu entrei no ônibus e sentei ao lado dele, no primeiro banco, ele era o cobrador. Aí ele começou a me contar uma história, sem me perguntar se eu queria ouvir, parecia que era o pagamento pela carona e até o motivo da carona. Ele queria me ensinar os malefícios do desespero. E me contou como perdeu um excelente emprego de pintor de uma casa psiquiátrica por causa do desespero. Eu achei que tinha aprendido a lição, comecei a tentar colocar mais vezes em prática a temperança. Mas, humana que sou, na primeira vez que meu coração doeu me desesperei novamente - e quando me desespero costumo escrever textos terríveis que só fazem mal aos que escolho para ler - e magoei a quem eu só quero fazer feliz.
O desespero é assim, devastador. Falar demais, como me ensinou a minha avó, só atrapalha, é muito mais lucrativo ouvir e saber calar nas horas certas como bem dizia ao sábio poeta.
Aí, pensando nos ensinamentos dela quanto à paciência e quanto às poucas palavras (quando em dizia que devia ouvir mais que falar) me lembrei, por ocasião de uma conversa, de uma musica de Cartola na qual, ao falar à sua mulher de um antigo amor, ele diz que vai calar para não magoá-la. Aí pensei na vovó e no que me dizia sobre a matemática do corpo, sobre ter mais ouvidos que boca. Muitas vezes calar é o melhor podemos fazer, o desespero e a impetuosidade só nos leva à atitudes desastrosas, a calma e a temperança por sua vez nos recompensa, ora, quem come e guarda, realmente, come duas vezes...
Certa vez, num engarrafamento terrível na Contorno, eu resolvi descer do ônibus e ir a pé achando que seria mais rápido. Aí, depois de muito andar, um senhor me gritou de dentro de um ônibus e me mandou subir. Eu entrei no ônibus e sentei ao lado dele, no primeiro banco, ele era o cobrador. Aí ele começou a me contar uma história, sem me perguntar se eu queria ouvir, parecia que era o pagamento pela carona e até o motivo da carona. Ele queria me ensinar os malefícios do desespero. E me contou como perdeu um excelente emprego de pintor de uma casa psiquiátrica por causa do desespero. Eu achei que tinha aprendido a lição, comecei a tentar colocar mais vezes em prática a temperança. Mas, humana que sou, na primeira vez que meu coração doeu me desesperei novamente - e quando me desespero costumo escrever textos terríveis que só fazem mal aos que escolho para ler - e magoei a quem eu só quero fazer feliz.
O desespero é assim, devastador. Falar demais, como me ensinou a minha avó, só atrapalha, é muito mais lucrativo ouvir e saber calar nas horas certas como bem dizia ao sábio poeta.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Cabelos ao alto! perdeu, perdeu!
Terça, 3 de julho de 2007, 18h21
Jovem que teve cabelo roubado: perdi parte de mim
Cláudio Dias
Direto de Araraquara
Camuflada atrás de uma cortina branca de pano e mostrando apenas os pés dentro da pequena sala da casa, a comerciária Simone Regina Penteado, 19 anos, aceitou falar pela primeira vez sobre o assalto sofrido no domingo. Ela foi rendida por um casal que roubou quase 90 cm do cabelo quando voltava da igreja em Araraquara, no interior de São Paulo. "Estou com receio de sair na rua, tanto pela violência do assalto, mas também por ter perdido uma parte de mim, o cabelo que eu nunca havia cortado na vida", diz a jovem evangélica.
Caros leitores, esta notícia me espantou. Não por ser uma moça evangélica, e aparentemente muito tradicional. Meu espanto se deve aos novos alvos da cobiça alheia. Invejar um belo cabelo já é coisa muito feia, roubar então. Gente, isso é quase um estupro! A menina nunca tinha cortado o cabelo...
O melhor do meu blog, como eu sempre digo, está nos comentários dos meus leitores. Então, abro a discussão e deixo vocês falarem.
Parece atual?
"Sobre este corpo anêmico, atrofiado, balofo, tripudiam os políticos. É
a única questão vital para o país - a questão política. Feliz ou
infelizmente, não há outro problema premente a resolver: nem social,
nem religioso, nem internacional, nem de raças, nem de graves casoseconômicos e finaceiros. Somente a questão política, que é a questão dos homens públicos. Há-os de todo o gênero: os inteligentes, os sagazes, os estúpidos, os bem-intencionados (dantesca multidão), os que a sorte protege como nas loterias, os efêmeros, os eternos. É o grande rebanho que passa, de que falava Nietzche. De vez em quando surge uma individualidade, ou nascente ou já sacrificada pela incomensurável maioria: os nomes dessas exceções, de raros, acodem logo ao bico da pena, mas de fato e desde muito,
estão desaparecendo rapidamente os que possuíam, na expressão dos
historiadores românticos, "o magnetismo da personalidade" ".
Retrato do Brasil.
Paulo Prado. Década de 1920.
Imagem: www.gettyimages.com
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Butterfly
"Spread your wings and prepare to fly
For you have become a butterfly
Fly abandonedly into the sun"
Butterfly
Quão maravilhosa seria a vida se, sem responsabilidades, tomássemos posse da benção que se chama ignorância. Quão felizes seriam os homens se conseguissem viver plenamente a felicidade, que nada mais é que um curto e fugas estado de espírito, sem se “pré-ocuparem” com as desgraças do por vir.
Seria como viver num mundo encantado, onde pudéssemos correr atrás de lindas borboletas, nos sentindo tão leves e livres quanto elas. Neste mundo a gravidade não existe, nem o juízo, nem a culpa, nem a dor. Por isso, ele só existe no plano das idéias, na minha imaginação.
As belas borboletas são reais e, apesar da sua beleza nobre, se fazem presentes em qualquer casa onde exista um jardim por mais humilde que seja. Esses dias mesmo, numa situação muito adversa, desliguei-me do mundo ao me deparar com uma belíssima borboleta azul e preta. Parecia que nada mais existia, só ela, ali, graciosa...
Não entendo bem esta minha fixação por borboletas, talvez algum bom psicanalista possa me explicar, se um dia eu procurar algum...
domingo, 1 de julho de 2007
Coletivo de folhas é caderno
Indo pra Igreja
Vicente: Que vento chato, gelado!
Ana Luíza: Ai, menino, você reclama de tudo heim. E isso é porque você ainda não tem mulher, o dia que você arrumar uma vai ver o que é uma coisa chata de verdade.
Vicente: Alá maninha,um balão. Essas crianças... quem é o monstro que põe um balão no alto com um vento desses? Alá, o fogo lambeu o balão! Olha a buchinha caiiindo...
Ana Luiza: Tomara que a bucha não caia na cabeça de ninguém né irmão?! Ela ta acesa.
Vicente: Tomara que não caia é numa pilha de folhas secas. Pilha de folhas? Que horrível isso! Maninha, qual o coletivo de folhas?
Ana Luiza: Ah! Sei lá Vicente! Será monte?
Vicente: Não, caderno! Coletivo de folhas é caderno.
Voltando da Igreja
Vicente (deu sinal prum ônibus)
Ana Luiza: Naaaaaaaao. Ainda não encontrei o Riocard. até eu achar dentro do ônibus já terei que descer.
Vicente: ô coisa, olha aqui (mostrou-me uma nota de cinco reais). Po! já era pra eu estar em casa.
Ana Luiza: exageraaaaaaado. Tá, vamos até a outra esquina pegar o 56.
Vicente: Pra pegar o 56, eu prefiro ir a pé. Neves tem um palmo. Do ponto de 56 até lá em casa são só quatro dedos e uma unha!
sábado, 30 de junho de 2007
Universidade de formação de militantes
ULB
"A Universidade Leonel Brizola (ULB) é um projeto pioneiro entre os partidos brasileiros e utiliza de tecnologia - via satélite - principalmente, para ministra aulas à distância. Num primeiro momento a grade curricular será voltada para fomentar a capacitação política de militantes e dirigentes partidários. Em um segundo momento, de acordo com o programa inicial, a ULB pretende misturar cursos de pós-graduação "Lato Sensu", com o devido registro do Ministério da Educação (MEC)".
Fragmento retirado do endereço: http://www.pdt-rj.org.br/paginaindividual.asp?id=229
Eu nem devia fazer comentários depois disto, mas a minha indignação não me permite o silêncio. Já não bastasse a tão aclamada "pluraridade" da política brasileira - é partido a torto e à direita - ainda essa agora!
Querem curso superior para formar milhares de Lupis, Garotinhos, Rosinhas, Brizolinhas...
Fico eu cá pensando, deve ter um lado bom nisso (nessas horas ter lido Polyana me ajuda a pensar no lado bom das coisas). Quem sabe esta será a única universidade onde não haverá disputas por C.A. entre partidos, já que a instituição pertence a um único partido, ou talvez "peleguismo" finalmente vire uma disciplina acadêmica - e aí finalmente todos ficarão felizes e realizados com o estudo aprofundado amplo uso da palavra, que sairá das bocas dos incultos pelos corredores de universidades e passará a ser objeto de estudo. Quem sabe? Pode ser que com uma universidade de formação de militantes o próximo presidente de esquerda saiba falar corretamente...
E o MEC... dando corda pra estas coisas. Ai, Ai, como é bom ser brasileiro!
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Inexorável
Quem me conhece sabe que sou amante da democracia. Até quem não me conhece é capaz de saber que não votei no Lula. Na verdade, tenho uma queda pela/para direita. Certa vez fui fazer uma avaliação física, numa academia, e o professor me disse que todo o meu lado direito era mais baixo que o esquerdo, ou seja, que eu tombava para a direita. Na época achei estranho, mas não me dei conta do significado daquela afirmativa. Depois fiz outros exames que constataram esta mesma propensão do meu corpo cair sempre para a direita. Não daria pra ser esquerdista...
Mas eu queria mesmo era falar do nosso presidente da república. Como boa democrata que sou, desde que o cidadão subiu ao poder nos braços do povo – e tive que aceitá-lo, pois foi a vontade da maioria – venho assistindo-o com alguma atenção. Ontem tive a oportunidade de ver um rápido trecho de um discurso dele (pela televisão). Qual não foi a minha surpresa quando percebi que, enquanto falava sobre o biodiesel, o presidente estava respeitando as concordâncias, não esqueceu-se dos plurais e até usou uma palavra difícil no seu discurso: inexorável. Como inexorável soou bonito na voz do nosso presidente! As palavras de ordem deram lugar a palavras como inexorável... E ele nem estava lendo o discurso, tudo aquilo, toda aquela “erudição” saiu da cabecinha dele.
É nessas horas que vejo que um professor tem alguma valia. Se até Lula aprendeu a falar, eu posso ensinar história a qualquer um. As barreiras já não me parecem tão intransponíveis como outrora. Não me surpreenderei se, ao término do mandato, o presidente Luís Inácio Lula da Silva escrever um livro ou - como bem disse o meu professor JR. – ler um.
Mas eu queria mesmo era falar do nosso presidente da república. Como boa democrata que sou, desde que o cidadão subiu ao poder nos braços do povo – e tive que aceitá-lo, pois foi a vontade da maioria – venho assistindo-o com alguma atenção. Ontem tive a oportunidade de ver um rápido trecho de um discurso dele (pela televisão). Qual não foi a minha surpresa quando percebi que, enquanto falava sobre o biodiesel, o presidente estava respeitando as concordâncias, não esqueceu-se dos plurais e até usou uma palavra difícil no seu discurso: inexorável. Como inexorável soou bonito na voz do nosso presidente! As palavras de ordem deram lugar a palavras como inexorável... E ele nem estava lendo o discurso, tudo aquilo, toda aquela “erudição” saiu da cabecinha dele.
É nessas horas que vejo que um professor tem alguma valia. Se até Lula aprendeu a falar, eu posso ensinar história a qualquer um. As barreiras já não me parecem tão intransponíveis como outrora. Não me surpreenderei se, ao término do mandato, o presidente Luís Inácio Lula da Silva escrever um livro ou - como bem disse o meu professor JR. – ler um.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Você não vai casar!
Num ato de desmedido desespero, disco o número do celular da minha mãe.
Alô! Mãe? Como se faz carne-seca com abóbora?
Ela responde apressada e sem dar importância, como se soubesse que a minha empresa estava fadada à falência: minha filha, eu estou ocupada, depois te passo por e-mail.
Não mãe, tem que ser agora, vai me falando como faz.
Tá, é assim, assim e assim.
Daí há alguns minutos toca o meu telefone.
Ana Luiza, você comprou o cheiro verde?
Não mãe, desisti de fazer.
Daí veio a cruel pergunta, seguida da ainda mais cruel constatação.Que tipo de mulher é você que não sabe cozinhar?? Você vai morrer solteira, minha filha! Nenhum homem vai querer se casar com você!
Agora, eu fico a me perguntar: Quem foi que disse que uma boa esposa tem que ser uma boa cozinheira? Há tantas outras coisas produtivas nas quais uma mulher pode se aplicar... cozinhar não é tudo. Existem vários pratos congelados por aí, sem falar nos restaurantes que entregam em casa.
Definitivamente, se algum homem quiser casar comigo, a cozinha não será o local do pedido!
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Reuniões de família
A cada reunião de família descubro uma história nova e mais interessante. Fico lá a observar cada fala, cada gesto, como se meus parentes fossem cobaias de laboratório interanssantíssimas.
Passei um final de semana em família. O que sempre me parece uma filme de terror, desta vez, foi bem interessante. Tudo começou ontem pela manhã com um telefonema. era minha prima pedindo para ir tomar café na casa da minha tia porque Larissa (minha prima de 10 anos) tinha ficado "mocinha". Chegando lá, a menina estava desesperada: Nalu, eu até chorei, isso nunca tinha acontecido comigo, não pode ser normal sangrar assim!
Eu ri, e expliquei pra ela que era normal. Daí pra frente foi a briga da criança com o absorvente, um negócio muito estranho pra ela também.
Em seguida chegaram mais crianças, Maria Clara (9 anos) e Daniel (3 anos) ambos filhos do meu primo, e lá ficaram o dia todo. Maria clara também ficou muito espantada com sangramento da prima, mas logo disse a avó: é muito simples vovó, quando ela quiser voltar a ser criança é só ela tirar o absorvente...
Daniel não parava de dançar e gritar e correr.
é bem engraçada a maneira ágil como as crianças resolvem os "problemas", é tudo muito simples. O problema só existe quando é materializado. Isso me lembrou aquela brincadeira que as crianças pequenas fazem, de esconder o rosto. Para uma criança pequena, o fato de esconder o rosto- e não ver ninguém - é os suficiente para achar que não está sendo vista por ninguém.
Eu sabia que os membros da velha guarda da minha família eram interessantes, mas ainda não tinha atinado para os da ala das crianças.
Foi um domingo em família diferente, muito mais interessante, sem brigas e discussões, e com muita criança correndo enquanto e brincando, inclusive a Larissa quando esquecia que alguma coisa tinha mudado nela.
sábado, 23 de junho de 2007
Ontem, hoje, amanhã.
Até ontem eu estava borocoxô...
Até ontem eu achava que nada dava certo.
Até ontem eu pensava que estava fadada ao fracasso.
O bom da vida é que o ontem deixa de o ser quando vem o amanhã, que é hoje. E hoje eu acordei feliz, hoje a Pris deu uma cara nova pro meu blog (o que, de alguma maneira mexeu com a minha auto-estima), hoje eu apaguei o post que tinha feito ontem.
Hoje eu lembrei que já ganhei flores um dia, e da única pessoa que realmente importa neste caso.
Hoje eu pude respirar e ver que ontem acabou, passou, e que o amanhã me espera. E pro amanhã eu vou de humor novo, blog novo, esperanças e realizações novas.
Já dizia a minha sábia avó: não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
A transposição do Velho Chico
Vivemos numa democracia (ponto). Entendo que numa democracia todos têm direitos iguais de voz e voto e que, numa disputa justa, vencem os mais votados, ou seja, os escolhidos pela maioria. Até aí, acho que todos concordam. O problema é que, acho eu, os brasileiros não sabem perder, não sabem como se comporta o segundo lugar. Isso serve pra copa, pros relacionamentos amorosos e para a política.
Não estou dizendo aqui que todos devem dizer amém para todas as megalomanias e para todos os despropósitos do governo Lula só porque a maioria o escolheu. Estou é partindo de um principio lógico, e até bíblico, que é o seguinte: "examinai todas as coisas e retende o que é bom" (Tessalonicenses 5:21). Exemplo: não votei no Sérgio Cabral, mas não posso dizer que o governo dele tem me incomodado. Não votei no Lula - nem votaria - e não estou satisfeita com o governo dele, mas não posso falar mal do projeto do governo que trata da Transposição do rio São Francisco.
o povo sempre reclamou das secas do nordeste. Aliás, estou lendo os relatos de um viajante inglês chamado Henry Koster, que fez viagens pelo nordeste do Brasil no início do século XIX, e que relata a seca que teve que enfrentar já naquela época ao tentar chegar "ao Natal" (Natal - RN). Pois, bem. Seca no Nordeste não é um problema dos dias de hoje apenas. E agora que o governo parece ter atentado para o fato e resolvido fazer alguma coisa, apresentando até um projeto aparentemente viável, o povo ta caindo de pau em cima. Tem até padre fazendo greve de fome pra que ninguém mexa com o "o velho Chico". Noutro dia eu disse a um amigo que era a favor da transposição do rio são Francisco,e do projeto de irrigação que beneficiaria PE, PB, RN e CE, e ele me disse com a maior cara de espanto, que eu era a primeira pessoas que ele via falar, pessoalmente, bem deste projeto .
Poxa, a intenção é boa, as ideias são boas, os objetivos são bons. É claro que temos que lembrar que estamos no Brasil e , sendo assim, as coisas têm 50% de chance de enveredarem por caminhos escusos, mas acho que deveríamos examinar as coisas - mesmo que estas sejam pojetos do governo - antes de rejeitá-las e demonizá-las.
Quando cheguei na faculdade, na primeira semana de aula, na chamada semana de calouros, aprendi tudo o que deveria saber para odiar a reforma universitária e os planos diabólicos do governo para acabar com a universidade publica. Mas tudo o que em deram pra ler foi um cartilha do PSTU explicando todos os pontos terríveis da reforma, mas ninguém me ofereceu o anteprojeto da reforma universitária para eu mesma analisá-lo e ver os pontos fracos e fortes. Depois fui ver o tal projeto, e percebi que ele não era de todo ruim - não quero dizer que seja bom.
Falar mal das coisas sem conhecê-las é um vício brasileiro e um erro temeroso.
Imagem do site: http://www.tresmarias-mg.com.br/pages/f_rios%E3ofrancisco.htm
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Meu quilombo vai sair, ah vai!
Gente! Acabei de ver uma reportagem no Jornal Nacional sobre uma briga entre a Marinha e uma comunidade "quilombola".
Fui procurar na internet mais informações sobre o proprietário original das terras disputadas. O tal, chamava-se Joaquim José Breves. Comprou a ilha de Mangaratiba e, ao morrer, deixou a sua fazenda para a esposa em testamento, que não tardou em vendê-la.
Parece que lá ficaram alguns dos ex-escravos (leiam-se ex-escravos, pois o homem morreu um ano depois da abolição da escravatura) permaneceram na ilha e daí por diante viveram da pesca, pacificamente. A União comprou a Ilha, que já foi até escola de pesca no tempo de Getúlio Vargas, e hoje pertence à marinha nacional. Pra complicar a história, Mangaratiba é uma área de proteção ambiental. Pois, bem. Esses descendentes de africanos (e de europeus, indígenas, asiáticos, ets, etc) reivindicam a posse legal das terras junto ao Incra, e acusam a marinha de, com os seus treinamentos militares, terem destruído grande parte do patrimônio histórico da ilha (ruínas da fazenda e da capela). Os militares, por sua vez, não aceitam ceder parte de território para os “quilombolas” por acreditarem que eles não saberão preservar a área de proteção ambiental. E já que estamos de preto, a coisa virou um “samba de crioulo doido”!
Agora vejam só, como diria a minha avó quando se indignava: Papagaio! Eu só me surpreendo com estes “Quilombolas”, poxa, os caras estão querendo quase a metade da ilha de Mangaratiba, um lugar paradisíaco, lindo, com um turismo promissor. Será que não existia fazenda em lugares feios? Só conheço quilombos bem localizados... É por isso que não desisti do meu projeto de entrar com uma ação de reintegração de posse das terras da cobertura do Cezar Palace (aquele hotel maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaravilhoso que tem ali na praia do Leblon) sob a afirmação de ter sido construído sobre terras pertencentes à minha cmunidade quilombola.
Todo mundo tem um quilombo chic, eu também quero ter. Nada mais chic que um quilombo no Leblon. Aprendo até jongo se for necessário, faço trancinhas nagô no meu cabelo, uso saionas de chita e tal. Ai ai ai, belo projeto de vida. E hoje em dia ficou tudo mais fácil né, nós quilombolas podemos contar com o apoio do governo! Olha que maravilha! A fundação Palmares e a Matildinha estão aí pra isso mesmo, são não estão pro que deveriam estar (restaurar a Igreja de S. José do Queimado ninguém quer né? Não se reverte em tantos votos).
Pra quem quiser ver as boboquices ditas pelo Senador do PT/RS, Paulo Pain, no Senado: http://www.koinonia.org.br/detalhes_noticias.asp?id_noticia=367
Divirtam-se!
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